O governo chinês rejeitou, nesta sexta-feira (13), os apelos da Organização Mundial da Saúde (OMS) para realizar novas investigações no país sobre as origens do novo coronavírus, alegando que apoia uma abordagem "científica", e não "política", para estabelecer como o vírus surgiu.
De acordo com os dados oficiais, os primeiros pacientes com Covid-19 foram identificados no final de 2019, na cidade chinesa de Wuhan. Desde então, o vírus se espalhou por todo planeta e provocou mais de quatro milhões de mortes.
Os cientistas ainda lutam para tentar rastrear a origem do vírus. Transmissão de um animal? Vazamento de um laboratório chinês? Pequim se opõe fortemente à última hipótese, já que não quer parecer responsável pela pandemia.
Em janeiro de 2021, uma equipe de especialistas enviada pela OMS visitou Wuhan para um estudo de "primeira fase" sobre a origem da Sars-CoV-2. A visita em conjunto com especialistas chineses, no qual se concluiu que o vírus provavelmente havia passado dos morcegos para os humanos por meio de um animal intermediário. Na época, eles consideraram "extremamente improvável" que o vírus tivesse saído de um laboratório.
Washington defendeu, porém, essa segunda hipótese, em um contexto de rivalidade política com Pequim. Agora, essa possibilidade foi relançada pela OMS, que na quinta-feira (12) pediu a todos os países, principalmente a China, que publicassem "todos os dados sobre o vírus".
"Para poder examinar a hipótese do laboratório, é importante ter acesso a todos os dados brutos", enfatizou a OMS, para quem "o acesso aos dados não deve ser, de forma alguma, uma questão política".
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Pequim respondeu nesta sexta (13), reiterando que o relatório elaborado pela OMS em Wuhan era suficiente, pois já havia descartado a teoria de um vazamento de laboratório. Insistiu em que os pedidos de dados adicionais têm motivos políticos ocultos.
"Nós nos opomos à politização na busca pelas origens" do vírus "e ao abandono do relatório conjunto China-OMS", declarou o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, em entrevista coletiva.
"As conclusões e as recomendações do relatório conjunto foram reconhecidas pela comunidade internacional e pela comunidade científica", frisou o vice-ministro. "Pesquisas futuras devem e podem ser feitas apenas com base neste relatório. Não se trata de começar do zero", acrescentou.
Quanto aos dados brutos solicitados pela OMS, sobre os primeiros pacientes em Wuhan, a China voltou a evocar o sigilo médico.
"Queremos apenas proteger a privacidade dos pacientes", afirmou Liang Wannian, chefe da delegação de cientistas chineses que contribuíram para o relatório China-OMS. "Sem o consentimento deles, nenhum especialista estrangeiro tem o direito de fotografar, ou de copiar, os dados originais", acrescentou.
A hipótese de um vazamento de laboratório voltou a ganhar atenção nos últimos meses, porém, devido a novas e impactantes declarações de Peter Embarek, o chefe dinamarquês da delegação de especialistas internacionais que visitou Wuhan em janeiro de 2021. Após analises, ele afirmou que nenhum dos morcegos vive em estado selvagem na região de Wuhan.
E, segundo Embarek, as únicas pessoas que provavelmente chegaram perto de morcegos suspeitos de abrigar o vírus que causou o Sars-Cov-2 são funcionários de laboratórios da cidade.
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