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GASTRONOMIA 🍝

Comida paraense: tradição e identidade nas feiras da cidade

Em cada espaço de vendas da capital paraense, diferentes pratos estão disponíveis e os frequentadores escolhem seus favoritos, entre peixes, sopas, e outros pratos típicos. Além, claro, do açaí, que não pode faltar

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Imagem ilustrativa da notícia Comida paraense: tradição e identidade nas feiras da cidade camera A tradicional Sopa da Loira | FOTO: ANTONIO MELO

No coração pulsante de Belém, entre barracas apinhadas de cores e aromas nas feiras livres e mercados, estão os sabores mais tradicionais e populares da capital amazônica. Da sopa ao mingau, das comidas típicas ao acompanhamento com açaí, os frequentadores traçaram a preferência e revelaram que, mais do que alimento, esses pratos carregam memória e identidade. Entre conchas, cuias e pratos generosos, o que se revela é retrato saboroso da culinária paraense, uma mistura viva de tradição, resistência e afeto servida diariamente nos mercados da cidade.

As tradicionais sopas da Loira são bastantes populares entre os frequentadores da Feira da 25. De mocotó ou carne, os caldos fazem um verdadeiro sucesso diário, principalmente nos horários de almoço e janta. A alta procura, 50 anos atrás, foi o principal motivo para que a feirante investisse em vender essa refeição aos clientes, tendo muitos se tornado consumidores fiéis ao longo do tempo. Ao dia é vendido um panelão inteiro de cada sabor até o final do expediente, combinado a disponibilidade de uma variedade de refeições, como bife, carne assada, frango guisado, entre outros.

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Segundo Loira, a fama se deve a um caldo bem equilibrado e com pouca gordura, mas altamente saboroso. “Até de noite acaba os panelões das sopas todo dia. Eu já tenho a minha freguesia certa, são pessoas que frequentam ou visitam a feira, a maioria de fora daqui. Meus clientes sempre dizem que é uma sopa gostosa, diferente, ela levanta o astral deles, muitos dizem que a melhor sopa é do box de refeições da dona Loira. Minha sopa não é gordurosa porque eu tiro as gorduras conforme eu vou cozinhando porque hoje em dia as pessoas não podem comer nada gorduroso que faça mal à saúde”, contou.

Aos finais de semanas é certa a presença de Paulo Mariano, 65, no box da Loira. Há pelo menos 10 anos, ele consome uma mistura de sopa de mocotó com carne, o que afirma ser um bom caldo para espantar a ressaca ou começar o dia com um café da manhã reforçado. “Eu, particularmente, venho aqui mais aos finais de semana e quando estou de ressaca. Eu tomo uma sopa que é um misto de carne com mocotó. Para mim, a diferença da sopa da Loira é que não é extremamente gorda, eu acho mais leve e por isso que eu tomo. Para trabalhar com mocotó tem que saber limpar, ferver, cozinhar e a sopa dela é bem feita, sem ser muito gordurosa”, relatou.

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Tradicionalidade e qualidade são os fatores que marcam mais de meio século de trabalho com os mingau no Box do Mingau da Socorro, na feira do Ver-O-Peso. Milho, tapioca e açaí são os sabores mais procurados durante todo ano, com destaque para a época de quadra junina e a safra do fruto amazônico, quando a venda dos dois primeiros chega a triplicar e a papa fica ainda mais saborosa, respectivamente. A proximidade com o centro comercial de Belém e a localização em uma área de alta rotatividade de pessoas faz com que, em média, mais de 50 litros sejam vendidos ao dia.

Há oito anos, Rafael Negrão, 33, administra o negócio que já chegou à quarta geração da família. Com início às 4h30 e fim ao meio-dia, ele afirma que o sucesso se deve não somente a qualidade e a variedade do produto, mas também ao preparo tradicionalista e fiel às origens, mantido orgulhosamente pelos familiares.

“Qualquer um mingau é R$5. Tem cliente que vem todo dia, muitos fregueses que vem trabalhar aqui próximo, que vem de Barcarena ou de outros interiores para fazer um exame, algo do tipo. O nosso diferencial é um atendimento carismático, vivemos na brincadeira com o pessoal, mas também pela qualidade do mingau. A gente faz com leite de coco, a gente usa produtos bem naturais, feito como antigamente. As panelas são bem areadas, o local bem limpinho, tudo isso chama atenção do freguês. Também tem muita gente que ainda tem tradição de vir ao Ver-O-Peso tomar mingau, e aqui a gente é uma referência”, afirmou.

O saboroso mingau de banana, do box da Socorro, é a refeição preferida do feirante Pedro Angelim, que o consome desde que começou a trabalhar no Ver-O-Peso, há 52 anos. Para ele, a papa é nutritiva e auxilia em dias de indisposição. “Eu compro mingau sempre, gosto mais do de banana. Se a pessoa tá com dor no estômago toma mingau que não faz mal. O mingau fortalece, é nutritivo para todo mundo, se alimenta criança porque também não alimenta velho? Esse aqui é natural, de banana, não faz mal a ninguém”, disse.

SÍMBOLO

Entre os tradicionais sabores paraenses está o peixe frito com açaí, refeição símbolo da cidade de Belém. Há bem mais de 20 anos, a família de Alberto Silva, 55, vende o alimento à população da capital do estado, uma tradição que ele também carrega. Dourada e Filhote são os pescados regionais mais pedidos diariamente, seguidos pela Pescada, Pirarucu e a Piramutaba. Com cerca de 10 pessoas trabalhando no box para atender a grande demanda dos consumidores nativos, ele afirma que a qualidade dos alimentos é o que faz a diferença frente a diversos empreendimentos do mesmo setor.

“Eu trabalho há muito tempo aqui e observo que o nosso público é quase todo paraense. Quem é de fora do estado vem provar, mas consumir mesmo é o nosso povo. Aqui sai muita refeição de peixe frito com açaí, eu não tenho muita noção de quantos pratos saem por dia, apesar de já trabalhar com isso há muito tempo. Eu procuro servir sempre com qualidade, sempre peixe fresquinho, só o pirarucu que é salgado. Aqui tem bastante variedade, tem frango, charque, arroz, macarrão, salada. O tempo todo sai, a diferença é que quando fica na entressafra do açaí aumenta o preço, quando baixa o preço, a gente baixa aqui, mas sempre com bastante cliente”, disse.

Com um público paraense bastante variado, a chamadora Dheniff Ferreira, de 26 anos, diz que o peixe com açaí já se tornou um símbolo da gastronomia regional, sendo um dos pratos preferidos entre os paraenses. No Box da Baia, a Dourada e o Filhote, acompanhados do vinho da fruta, é comercializado a R$30, sendo a principal fonte de sustento da família. “Os nossos clientes são pessoas que vem pro comércio e já saem daí com fome. Eles vêm ao Ver-O-Peso, pode ter carne, charque, mas eles preferem o peixe com açaí, é o mais procurado. A gente tira pelo peixe, se tem 50 postas, acaba tudo, dependendo do movimento. No Natal, Ano Novo, Dia das Mães e Círio é quando mais dá gente”, apontou.

Morador do Acará, Leonel Ramos, de 42 anos, trabalha como taxista fazendo transporte do município do interior do estado a Belém. De passagem pela capital, ele não abre mão de comer um bom prato de peixe frito com açaí, no Ver-O-Peso. “Para quem é paraense, esse é o melhor prato que tem. Hoje, eu tô comendo um filhote com açaí, é um dos melhores. Na minha rotina, almoço e janta tem que ter açaí, então onde eu estiver tem que ter açaí. O peixe eu como quando eu tô viajando para Belém, que é um alimento um pouco mais saudável. É uma comida boa, gostosa e original”, concluiu.

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