
O Auto do Círio, cortejo dramatizado que ocorre toda sexta-feira que antecede o Círio de Nazaré, percorreu o centro histórico de Belém nesta sexta-feira (10), reunindo cores, sons e manifestações artísticas. O evento reúne artistas, moradores, foliões e devotos numa programação que passa pela Praça do Carmo até a Igreja da Sé, com paradas em pontos simbólicos, como o Complexo Feliz Lusitânia.
O cortejo combina catolicismo com expressões culturais de matriz africana, carimbó, teatro de rua, desfile de personagens e música, promovendo um encontro de diferentes crenças e fortalecendo a cultura amazônica. O Auto é reconhecido por sua resistência cultural, mantendo viva uma tradição que envolve jovens, adultos e comunidades locais.
Participantes assíduos destacam a importância cultural e religiosa do cortejo. A servidora pública Sara Monteiro definiu o Auto como uma "ópera a céu aberto".
"O Auto do Círio é algo tão grande, que fica meio difícil de explicar. Para mim é uma ópera a céu aberto, onde você pode demonstrar toda sua vontade de homenagear a santa. Não precisa fazer tudo direitinho, mas tudo que fazemos aqui é com amor e vontade, e fica tudo bonito e em harmonia".

A artesã Socorro Gomes ressaltou o caráter de resistência e devoção do Auto.
"É um encontro do povo de rua, do povo de teatro. É o momento em que nos encontramos para mostrar o amor que sentimos pela nossa mãezinha. É um evento de resistência. Já tentaram acabar várias vezes, mas o grupo mantém a tradição, assim como as pessoas que acompanham todos os anos".

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Já Edmundo, professor de educação física que acompanha o evento todos os anos, destacou a mescla entre a resistência, os artistas e as pessoas comuns que acompanham o Auto.
"É um evento de resistência. Já tentaram acabar várias vezes, mas o grupo não deixa. É a resistência dos artistas que organizam a festa e das pessoas que não são artistas, mas que a acompanham todos os anos, como é o meu caso", expressou.

Arte, comunidade e tradição
O Auto do Círio foi criado em 1993 por professores da Universidade Federal do Pará (UFPA) — incluindo Marco Ximenes, Zélia Amador de Deus e Margareth Refkalefsky — como parte de um projeto de extensão universitária que buscava homenagear Nossa Senhora de Nazaré por meio das artes cênicas.
Em 2004, a manifestação foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial associado ao Círio de Nazaré pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), consolidando sua relevância cultural e religiosa.
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O cortejo dramatiza a festa do Círio, unindo elementos do sacro e do profano, do religioso e da arte popular. A produção envolve teatro, dança, música, fantasias e performances, com ampla participação da comunidade. Nos primeiros anos, cerca de 15 atores integravam o cortejo; atualmente, dezenas de artistas, voluntários e membros da comunidade colaboram com as encenações e fantasias, incorporando elementos de culturas africana, ameríndia e popular amazônica, incluindo carimbó, samba-enredo e estéticas carnavalescas.
O percurso tradicional atravessa praças históricas de Belém, como Praça do Carmo, Praça do Frei Brandão e Praça do Relógio, culminando na Igreja da Sé ou em frente ao Museu do Estado do Pará. Ao longo do trajeto, o público acompanha apresentações artísticas e musicais, como o show da cantora paulistana Lineker, que já manifestou seu carinho pelo Pará.


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