Em manhãs que começam aparentemente comuns, basta um segundo para que a rotina urbana seja interrompida por cenas de tensão, sirenes e improviso solidário. Foi assim nesta quarta-feira (31), quando o centro de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, se transformou em cenário de apreensão após um grave incidente durante o combate a um incêndio em um supermercado.
Uma explosão registrada enquanto equipes atuavam no incêndio no Supermercado 300 deixou ao menos 15 pessoas feridas, incluindo seis bombeiros. Duas vítimas estão em estado grave. Todos os feridos foram encaminhados para a Santa Casa de Misericórdia do município, que passou a operar sob forte pressão devido à lotação dos leitos.
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Segundo informações apuradas no local, a explosão ocorreu quando um portão da garagem do estabelecimento, situado na região central da cidade, foi aberto durante a operação de combate às chamas. O deslocamento repentino de ar provocou um fenômeno conhecido como "backdraft", atingindo diretamente os bombeiros que se preparavam para entrar no prédio.
O QUE É BACKDRAFT
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Julimar Fortes Pinheiro, explicou que o backdraft é uma explosão súbita causada pela reintrodução rápida de oxigênio em um ambiente fechado e superaquecido, com acúmulo de gases inflamáveis. Entre os bombeiros feridos, um é uruguaio e outro sofreu fratura em uma das pernas. Um dos militares permanece internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas todos estão em estado estável.
"As guarnições ainda estavam do lado de fora da edificação quando foram atingidas por essa onda de calor e pelo deslocamento de ar", detalhou o comandante.
HOSPITAL LOTADO
O incêndio teve início por volta das 6h30min, na parte superior do prédio, e teria sido provocado por um gerador de energia. As causas exatas ainda serão investigadas.
Diante da alta demanda, a Santa Casa de Santana do Livramento publicou um comunicado nas redes sociais pedindo que a população evite procurar o Pronto-Socorro, exceto em situações de urgência e emergência, para não sobrecarregar ainda mais o atendimento hospitalar.
REPÓRTER RELATA AJUDA DE MORADORES
Quem presenciou o momento da explosão relata cenas de choque. O repórter Matias Moura, do Grupo A Plateia, contou que moradores e profissionais da imprensa que acompanhavam a ocorrência se mobilizaram imediatamente para ajudar os bombeiros feridos. "Foi uma sensação horrível. Quando vimos os bombeiros espalhados pelo chão, esquecemos que éramos repórteres. Só queríamos que eles ficassem bem", relatou.
Outro jornalista que estava no local, Duda Pinto, da Rádio RCC, também se feriu na explosão. Em entrevista, ele afirmou que o episódio abalou profundamente a família proprietária do supermercado, que acompanhava a situação em estado de choque. "Eles me disseram que não havia fogo visível, apenas muita fumaça", contou.
As autoridades seguem monitorando o estado de saúde das vítimas e avaliando as condições da estrutura atingida, enquanto a cidade ainda tenta assimilar o impacto de uma manhã marcada pelo medo e pela solidariedade.
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