
A chikungunya, que há mais de dez anos chegou ao Brasil, continua sendo uma preocupação para a saúde pública do país, especialmente no controle dos mosquitos transmissores. O alerta vem da reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare), que participou do Congresso Nacional de Reumatologia, realizado em Salvador, na Bahia.
De acordo com Viviane, um dos maiores desafios da doença continua sendo o controle do vetor, o mosquito Aedes aegypti, transmissor também da dengue e do zika vírus. Durante a fala dele no evento, a especialista destacou as dificuldades relacionadas ao saneamento básico e à infraestrutura de saúde no Brasil, que ainda carece de ambulatorios especializados para tratar os pacientes de chikungunya.
Conteúdos relacionados:
- Horário de Verão volta em 2025? Governo dá posicionamento
- Laudo médico de Bolsonaro indica câncer de pele
- Brasil perde 32,6% da água tratada em vazamentos, aponta estudo
“Ainda existem muitos desafios para a gente tratar e controlar essa doença no Brasil. O primeiro destaque que temos é o controle desse vetor. A gente mora numa zona tropical e em que há dificuldade de controle por causa [da falta de] saneamento básico. E a gente precisa também de uma adequação do sistema de saúde para acompanhamento desses pacientes, principalmente na rede pública”, afirmou a médica.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) também expressou preocupação com surtos localizados da doença na América Latina. Dados divulgados recentemente indicam que os maiores surtos de chikungunya em 2025 ocorreram na Bolívia, Brasil, Paraguai e em partes do Caribe. Até agosto deste ano, foram registrados 212 mil casos suspeitos na região, com 110 mortes, sendo mais de 97% dos casos na América do Sul. No Brasil, já são 121 mil casos confirmados e 113 mortes até setembro de 2025.
“A presença simultânea desses e de outros arbovírus aumenta o risco de surtos, complicações graves e mortes, especialmente entre populações vulneráveis”, alertou a Organização Pan-Americana da Saúde.
Além disso, a médica destacou também que, apesar de um progresso na abordagem da doença, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios. O Nordeste, onde os primeiros casos foram registrados, segue sendo a região com maior carga de chikungunya, mas a doença está espalhada por todo o território nacional, com sete grandes ondas epidêmicas nos últimos dez anos. Os estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, por exemplo, enfrentaram um grande aumento no número de casos no último ano.
Em relação à vacina contra o vírus, recentemente o Instituto Butantan desenvolveu um imunizante contra a doença, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adultos com mais de 18 anos. No entanto, a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, suspendeu a licença da vacina em agosto deste ano após a ocorrência de efeitos adversos graves, incluindo mortes.
Quer mais notícias direto no celular? Acesse nosso canal no WhatsApp!
Viviane Machicado Cavalcante afirmou que essa suspensão pode levar a Anvisa a reavaliar a decisão sobre a aplicação do imunizante no Brasil. “A notícia é recente. O FDA suspendeu a licença do imunizante devido a efeitos adversos, incluindo encefalite idiopática. Ainda não sabemos qual será o posicionamento da Anvisa sobre isso”, comentou a especialista.
O que é a chikungunya?
A chikungunya é uma doença viral que causa febre alta, dores nas articulações e, em casos graves, pode levar à dor crônica nas articulações por anos. A prevenção segue sendo o combate aos mosquitos, com a eliminação de criadouros e foco na conscientização da população.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar