
Casos de desaparecimento que mobilizam cidades inteiras, famílias aflitas e autoridades policiais costumam ganhar contornos ainda mais trágicos quando o desfecho é marcado pela violência. Foi o que aconteceu no interior do Paraná, onde uma investigação que se estendia há semanas terminou com a confirmação de quatro mortes em circunstâncias brutais.
A força-tarefa comandada pela Polícia Civil do Paraná encontrou, na madrugada desta sexta-feira (19), os corpos de quatro homens que estavam desaparecidos há mais de 40 dias. Entre eles estão os amigos Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso, moradores de São José do Rio Preto, interior paulista, além do paranaense Alencar Gonçalves de Souza, que havia contratado o trio para cobrar uma dívida de R$ 255 mil.
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As vítimas foram localizadas em uma área de mata em Icaraíma, município paranaense. Segundo a polícia, o terreno chamava a atenção porque apresentava plantas em locais incomuns. "Que elas estavam só ali para encobrir os corpos que estavam enterrados", explicou a corporação.
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DESAPARECIMENTO E RECOMPENSA
O grupo foi visto pela última vez no dia 5 de agosto, data em que partiu para a cobrança da dívida relacionada à venda de uma propriedade. As famílias chegaram a oferecer recompensa por informações que levassem ao paradeiro dos desaparecidos, mas a confirmação só veio nesta semana, com a descoberta dos corpos.
As investigações apontam como principais suspeitos Antônio Buscariollo e Paulo Buscariollo, pai e filho, que seriam os devedores. A Justiça já decretou a prisão temporária dos dois, que continuam foragidos.
CARRO ENTERRADO EM BUNKER

O caso ganhou novos elementos no último dia 12 de setembro, quando policiais ambientais de Umuarama encontraram o carro usado pelos paulistas. O veículo estava enterrado em um bunker a cerca de nove quilômetros do local onde a cobrança seria feita. O trabalho para retirar a picape branca durou horas, e as autoridades constataram que havia marcas de tiros e vestígios de sangue no interior do carro. Um homem foi preso durante a operação, mas seu envolvimento direto no crime ainda não foi esclarecido pela polícia.
Agora, os corpos foram encaminhados para perícia e as buscas seguem para capturar os suspeitos, em um dos casos mais violentos e chocantes do interior do Paraná nos últimos anos.
TRABALHO INTEGRADO DA FORÇA-TAREFA

O delegado responsável pela investigação destacou o trabalho integrado da força-tarefa que contou com a participação de equipes da Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Ambiental, Polícia Científica, Força Nacional e do Instituto Médico-Legal (IML): "Desde o início, a cooperação entre todas as Forças de Segurança foi fundamental para as investigações, para a localização de vestígio do veículo e agora finalmente dos corpos. As investigações continuam", afirmou.
O delegado Thiago, de Icaraíma, detalhou como ocorreu a localização: "Com o apoio da Polícia Civil de Umuarama e da Força Nacional, viemos para o local onde a Toro foi localizada e, com maquinário da Prefeitura, começamos as escavações. Olhamos todos os pontos possíveis que haviam vestígios de alguém ter sido enterrado. Esse serviço durou o dia inteiro e se estendeu pela noite. Encontramos um ponto onde havia plantas apenas para encobrir os corpos. Desconfiamos do local, começamos a cavar e encontramos os corpos, acionando a perícia para realizar os exames necessários”, explicou.
INVESTIGAÇÕES SOB SIGILO
Já o diretor da Polícia Científica de Umuarama, Júlio, ressaltou as dificuldades: "O ambiente é complicado, complexo, bastante escuro, a região é de difícil acesso, mas depois de tantos dias conseguimos encontrar realmente boa parte dos vestígios que restaram", declarou.
As investigações seguem em sigilo para não comprometer o andamento do caso. “Importante ressaltar que as investigações prosseguem, o sigilo ainda é necessário. Não é possível nesse momento revelar dados da investigação ou das linhas investigativas. Pedimos paciência, porque esse sigilo vem dando resultado. Pouco a pouco vamos encontrando novos vestígios e provas para a completa elucidação desse caso”, reforçou o delegado responsável.
FIM DA FASE DE BUSCAS
O delegado Thiago também comentou sobre o fim da fase de buscas: "Graças a Deus, essa fase de buscas acabou. Agora é continuar as buscas por evidências, organizar as já coletadas e analisar todas as informações para chegar a uma conclusão satisfatória. Nada pode ser passado ainda, tudo está em sigilo para melhor elucidação do fato", afirmou.
A Polícia Civil agradeceu a parceria entre os diferentes órgãos: "Pedimos a compreensão da família das vítimas, de toda a população e da imprensa com esse sigilo, que é fundamental para o desenvolvimento dos trabalhos. Destaco o total apoio da Secretaria de Segurança Pública, Departamento de Polícia Civil, Polícia Militar e Governo do Estado, que desde o início disponibilizaram toda a estrutura logística que permitiu a evolução dos trabalhos e culminou hoje na localização desses corpos", concluiu.
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