
Nos últimos anos, o crescimento do poder das facções criminosas no Brasil tem ultrapassado os limites do tráfico de drogas, estendendo-se a áreas essenciais para o cotidiano das pessoas. Esse "poder paralelo" agora inclui o controle sobre serviços fundamentais como internet, energia e gás, criando um sistema de extorsão que impõe aos moradores uma dependência direta dessas organizações.
Investigações realizadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) revelaram que o Comando Vermelho (CV) implementou um serviço ilegal de internet conhecido como CVNet, no qual a facção criminosa se tornou a única fornecedora de internet nas comunidades que controla.
O funcionamento desse provedor criminoso tem se tornado uma imposição para os moradores, que, ao não aderirem ao serviço, enfrentam ameaças graves, incluindo fuzilamentos.
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Em uma recente operação, as autoridades descobriram uma rede complexa e clandestina envolvendo o fornecimento de internet e o controle sobre provedores de fibra ótica.
A facção, por meio de intimidação e violência, impediu a entrada de empresas legais no mercado local, estabelecendo um monopólio ilegal. Durante a ação, foram apreendidos equipamentos furtados de empresas de telecomunicações e quatro funcionários do provedor ilegal foram detidos.
Além da internet, as facções controlam outros serviços essenciais, como gás, energia elétrica e água, criando um sistema de extorsão que gera lucros substanciais para os criminosos.
Esses recursos financeiros são usados para financiar a compra de armamentos, fortalecer o poder das facções e expandir o território dominado pelo tráfico. Ao impor taxas abusivas sobre esses serviços, as facções também garantem uma forte influência social, tornando-se a única fonte de "proteção" nas comunidades.
Esse controle sobre serviços essenciais tem consequências diretas para a população. Quem tenta escapar ou se recusa a pagar pelos serviços ilegais sofre severas represálias, como ameaças de morte ou expulsão das comunidades.
A dependência da população em relação ao tráfico aumenta à medida que as alternativas legais desaparecem, e a presença do Estado nas comunidades se torna cada vez mais limitada.
O impacto desse controle vai além da esfera financeira. As facções também utilizam os serviços de internet para coordenar ações criminosas e fortalecer suas comunicações internas, dificultando a atuação das forças de segurança. Além disso, as facções criam um sistema paralelo de governança, onde qualquer resistência é severamente punida, perpetuando um ciclo de medo e violência.
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O enfraquecimento do Estado é evidente, já que as facções oferecem uma proteção "não oficial", mas impositiva, afastando as autoridades legítimas e criando um sistema em que os moradores se tornam reféns das facções criminosas.
Para muitas famílias, o tráfico de drogas se tornou a única forma de sobrevivência, e o domínio das facções sobre os serviços essenciais só reforça o poder desses grupos nas comunidades.
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