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BIOECONOMIA

Negócios sustentáveis podem triplicar até o ano de 2050

Estudo mostra que a economia ambientalmente sustentável é fundamental para mitigar as mudanças climáticas e que existem diversos perfis de negócios nessa área. Saiba quais são e os seus desafios

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Imagem ilustrativa da notícia Negócios sustentáveis podem triplicar até o ano de 2050 camera A socioeconomia conecta os povos e comunidades tradicionais por meio dos recursos naturais | Divulgação

Um estudo pioneiro sobre finanças sustentáveis no mundo, realizado em colaboração pela NatureFinance e o Fórum Mundial de Bioeconomia, destaca que a bioeconomia global é fundamental para se alcançar a resiliência climática e o desenvolvimento sustentável. De acordo com o relatório internacional “Financiando uma Bioeconomia Global Sustentável”, lançado neste mês de setembro, estima-se que o valor global da bioeconomia seja de 4 a 5 trilhões de dólares, valor que tem potencial de sextuplicar até 2050, chegando a 30 trilhões de dólares, segundo análise do Fórum Mundial de Bioeconomia.

O relatório envolveu a participação de organizações do setor privado, da academia e de Organizações Não Governamentais (ONGs) e busca reforçar o papel que a chamada bioeconomia pode apresentar para a transição para uma economia mais equitativa, de baixo carbono, resiliente ao clima e positiva para a natureza. Neste sentido, o estudo considera um escopo da bioeconomia que abrange desde as práticas de produção tradicionais locais e de pequena escala, até as atividades econômicas de grande escala e transnacionais, incluindo atividades econômicas com uso intensivo de tecnologia.

Mas, de maneira prática, como a bioeconomia pode contribuir para que se alcance a resiliência climática e o desenvolvimento sustentável? O especialista em uso da Terra e Agricultura Sustentável do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Pedro Zanetti, considera que essa contribuição pode ocorrer de diversas maneiras, sobretudo se a bioeconomia for considerada em seu sentido amplo. “A bioeconomia da restauração, seja ela produtiva ou ecológica, contribui tanto para mitigar as emissões, sequestrando CO2, como também para aumentar a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. Solo com mais matéria orgânica e com maior cobertura viva e morta retém mais água, mais biodiversidade (no solo e acima do solo) traz maior equilíbrio, controle biológico de doenças e pragas e resiliência”.

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Na chamada sociobioeconomia, que se conecta aos povos e comunidades tradicionais e seus modos de manejo sustentável dos recursos naturais, a conexão apontada por Pedro Zanetti está associada à conservação de milhões de hectares de ecossistemas. Preservados, esses milhões de hectares prestam serviços ecossistêmicos fundamentais em larga escala, incluindo o de regulação climática e o ciclo hidrológico, além de proporcionar renda e valorização sociocultural dos saberes tradicionais.

Em outro campo, o especialista destaca que a bioeconomia ligada a inovações também pode contribuir para a maior resiliência climática, seja na substituição de insumos de origem fóssil por bioplásticos, biocombustíveis, bioinsumos, seja no melhoramento genético vegetal com o objetivo de obter variedades mais resistentes à seca, por exemplo. “Por último, na bioeconomia da biomassa/commodities, há também uma importante contribuição possível, por conta da escala de demanda associada, porém, é importante que seja em bases sustentáveis para que realmente contribua para maior resiliência climática (livre de desmatamento, adotando técnicas regenerativas)”, explica. “A bioeconomia é, sim, uma das chaves para o desenvolvimento sustentável”.

DESAFIOS

Diante de todo esse potencial, não se pode deixar de considerar a necessidade de transpor desafios para promover essa bioeconomia capaz de levar à resiliência climática. Entre os desafios de financiamento citados pelo relatório “Financiando uma Bioeconomia Global Sustentável” estão o possível interesse reduzido do investidor privado na sociobioeconomia em decorrência da escala limitada e pelos direitos comerciais restritos sobre os conhecimentos tradicionais, ou, ainda, investimentos que demandem capital de risco, muitas vezes combinado com financiamento público, o que é frequente em casos de bioeconomia de alta tecnologia, sobretudo em negócios em estágio inicial.

Apesar disso, o financiamento da bioeconomia é possível, sobretudo considerando a diversidade de instrumentos financeiros existentes. “Quando falamos especificamente sobre os desafios de financiamento da sociobioeconomia, há alguns caminhos possíveis como a adoção de diferentes estratégias para facilitar acesso ao crédito, especialmente público”, avalia Pedro Zanetti. “Há inclusive, algumas iniciativas recentes conectadas à estratégia nacional de bioeconomia que apontam, sim, para o caminho certo - como a Resolução CMN n° 5.151 de 3/7/2024, que ajusta normas a serem aplicadas às operações de crédito rural contratadas no âmbito do PRONAF”.

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Porém, para que a sociobioeconomia prospere, o especialista considera que não basta acesso a financiamento. É necessário, também, segundo ele, o desenvolvimento de outras ações estruturantes como a profissionalização da gestão dos negócios comunitários, o melhoramento de acesso ao mercado, a superação de dificuldades logísticas inerentes às áreas remotas, engajamento da juventude e promoção da sucessão rural, tecnologias simples adaptadas ao contexto local para melhoria da eficiência, infraestrutura de beneficiamento mínimo ao longo da cadeia, entre outras.

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