O Brasil atingiu a marca de 113 mortos pela dengue nas sete primeiras semanas de 2024 em meio a escalada histórica da doença. Há ainda 438 óbitos em investigação, de acordo com informações divulgadas nesta segunda-feira (19) pelo Ministério da Saúde.
Até o último dia 17, o país havia registrado 653.656 casos prováveis, alta de 294% em comparação com o mesmo período do 2023, ano em que o país bateu recorde de mortes pela doença.
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O atual patamar nunca foi atingido tão rapidamente, segundo dados do ministério. A pasta projeta que o país pode atingir os 4,2 milhões de casos até o fim do ano.
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam fatores climáticos como o principal motivo para a explosão de casos. O calor acima da média e o período chuvoso criam condições ideais para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
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"Quando você tem mais calor, o ciclo do mosquito diminui. Normalmente ele leva uns 10 dias para se desenvolver depois da eclosão do ovo. Quando faz mais calor, o ciclo é encurtado para até cinco dias", explica o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).
PICO DE INFECÇÕES
Para o infectologista Marcos Boulos, professor titular da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), ainda é cedo para dizer se o pico de infecções, que normalmente ocorre em abril, será antecipado nesse ano. "Enquanto chover, a tendência é que os casos continuem aumentem", diz ele, citando o fenômeno El Niño como importante influência para a atual situação.
O médico ainda alerta para a possibilidade da epidemia se prolongar devido à circulação de diferentes subtipos do vírus causador da dengue. Atualmente, os sorotipos predominantes são o 1 e 2, mas o tipo 3 voltou a circular recentemente. "Agora o sorotipo 3 também aparece e começa a subir. Apesar de não oferecer grande impacto nesse momento, é um risco de prolongar esse quadro", avalia.
Segundo os especialistas, a vacinação não terá impacto no enfrentamento à dengue em 2024, devido à limitada quantidade imunizantes prevista e o intervalo de três meses entre a aplicação da primeira e segunda dose.
AUMENTO DE CASOS
Segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, Minas Gerais é a unidade da federação com maior número de casos: 218.066, praticamente um terço dos registros nacionais. Em seguida vem São Paulo (111.470), Distrito Federal (79.287), Paraná (69.991) e Rio de Janeiro (49.263).
Ao se considerar como parâmetro a taxa de incidência da dengue a cada 100 mil habitantes, o Distrito Federal aparece como o cenário mais preocupante. São 2.814 casos para cada 100 mil habitantes.Em seguida está Minas Gerais (1.061), onde quase metade dos municípios registram incidência acima de de 300 casos - marca usada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para delimitar quando a situação é considerada epidêmica.
Em todo o país, outros cinco estados ultrapassam essa marca: Acre (644), Paraná (611), Goiás (569), Espírito Santo (510) e Rio de Janeiro (306).
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