Um fenômeno apelidado de "Triângulo das Bermudas do Espaço" intriga pesquisadores do mundo todo. Oficialmente conhecido como Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), trata-se de uma espécie de defasagem na proteção magnética da Terra que está ocorrendo sobre as regiões Sul e Sudeste do Brasil. Satélites e naves espaciais que passam por essa região podem até sofrer danos.
A Agência Espacial Europeia (ESA) já alertou as autoridades brasileiras para o crescimento gradativo da Anomalia Magnética do Atlântico Sul. De acordo com estudo publicado em 2020, o campo magnético da Terra perdeu 9% de força nos últimos 200 anos, sendo o maior impacto na região. A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) também tem investigado o fenômeno.
"Por que as agências espaciais têm interesse na anomalia? Porque como essa região tem um campo mais enfraquecido, as partículas do vento solar entram nessa região com mais facilidade, o fluxo de partículas carregadas que passam por aquela área é muito mais intenso", explica Marcel Nogueira, doutor em Física e pesquisador do Observatório Nacional.
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"Isso faz com que os satélites, quando passam por essa região, tenham que, por vezes, ficar em stand by, desligar momentaneamente alguns componentes para evitar a perda do satélite, de algum equipamento que venha a queimar. Porque a radiação, principalmente elétrons, nessa região é muito forte. Então é de interesse das agências espaciais monitorar constantemente a evolução dessa anomalia, principalmente nessa faixa central", completa Marcel.
Não são apenas os satélites que podem apresentar problemas pela formação do fenômeno. Computadores e instrumentos a bordo do satélite Skylab, da Estação Espacial Internacional (ISS), dos ônibus espaciais e da nave Dragon, da SpaceX também apresentaram falhas ou outros problemas ao passar pela AMAS.
"Não gosto do apelido ("Triângulo das Bermudas do Espaço"), mas nessa região, a menor intensidade do campo geomagnético acaba resultando em uma maior vulnerabilidade dos satélites às partículas energéticas, a tal ponto que podem ocorrer danos a naves espaciais à medida que atravessam a área", disse John Tarduno, professor de geofísica da Universidade de Rochester.
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