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DENÚNCIA

Covaxin diz que documentos da Precisa foram fraudados

A autenticidade de dois documentos enviados pela Precisa para o Ministério da Saúde foi negada pelo laboratório fabricante da vacina

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Imagem ilustrativa da notícia Covaxin diz que documentos da Precisa foram fraudados camera Reprodução/Bharat Biotech

A polêmica envolvendo supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin pelo governo brasileiro continua rendendo. Desta vez, o laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin, negou a autenticidade de dois documentos enviados pela Precisa para o Ministério da Saúde.

"Recentemente, fomos informados de que certas cartas (conforme anexo), supostamente assinadas por executivos da empresa, estão sendo distribuídas online. Gostaríamos de ressaltar, enfaticamente, que esses documentos não foram emitidos pela empresa ou por seus executivos e, portanto, negamos veementemente os mesmos", declarou o laboratório indiano em nota.

A fabricante da vacina indiana Covaxin, Bharat Biotech, anunciou nesta sexta-feira (23) que rescindiu um acordo que mantinha com a brasileira Precisa Medicamentos para trazer doses do imunizante ao país.

Em comunicado, a empresa indiana diz que a rescisão tem "efeito imediato". Na prática, a medida tende a acelerar o cancelamento do contrato, suspenso em maio, que o Ministério da Saúde mantém com a Precisa Medicamentos para obter 20 milhões de doses da vacina.

Atualmente, a negociação para compra de doses da Covaxin é um dos principais alvos de investigação da CPI da Covid.

A parceria da Bharat com a Precisa e a empresa Envixia Pharmaceuticals foi anunciada em 24 de novembro de 2020, por meio de um memorando de entendimento, informa a Bharat. O objetivo era trazer a vacina ao país. O motivo do fim do acordo não foi divulgado.

No documento em que anuncia a rescisão, a Bharat diz que, apesar da decisão, continuará a trabalhar com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) "para concluir processo de aprovação regulatória para a Covaxin".

Em nota, a Precisa diz lamentar o cancelamento do acordo com o laboratório indiano, e atribui a medida ao "caos político que se tornou o de até sobre a pandemia". "Que deveria ter como foco a saúde pública, e não interesses políticos", disse a empresa.

A Precisa ainda afirma que jamais praticou qualquer ilegalidade e que conduziu as tratativas para entrada da vacina no Brasil.

"Infelizmente, o resultado prático desta confusão causada pelo momento político do país é o cancelamento de uma parceria com o laboratório indiano que iria trazer 20 milhões de doses de uma vacina com comprovada eficácia (65,2%) contra a variante Delta."

A existência de denúncias de irregularidades em torno da compra da vacina indiana Covaxin foi revelada pela Folha no último dia 18, com a divulgação do depoimento sigiloso do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda ao Ministério Público Federal, que relatou pressão "atípica" para liberar a importação da Covaxin.

Desde então, o caso virou prioridade da CPI no Senado. A comissão suspeita do contrato para a aquisição da imunização, por ter sido fechado em tempo recorde, em um momento em que o imunizante ainda não tinha tido todos os dados divulgados.

A crise também chegou ao Palácio do Planalto após o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), irmão do servidor da Saúde, relatar que o presidente havia sido alertado por eles em março sobre as irregularidades. Bolsonaro teria respondido, segundo o parlamentar, que iria acionar a Polícia Federal para que abrisse uma investigação, o que não ocorreu.

Em maio, o Ministério da Saúde anunciou a suspensão do contrato com a Precisa.

"Por orientação da Controladoria-Geral da União, por uma questão de conveniência e oportunidade, decidimos suspender o contrato para que análises mais aprofundadas sejam feitas", afirmou na ocasião o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

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