“Carnificina” foi a forma como jornais internacionais descreveram a operação policial que aconteceu na semana passada na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, que resultou na morte de 28 pessoas, número confirmado pela própria Polícia Civil. Becos e casas banhados de sangue têm causado revolta nos familiares das vítimas nos últimos dias.
Mães do Jacarezinho: "preferia morrer a enterrar um filho"
Batizada de “Operação Exceptis”, ela foi deflagrada a partir de denúncias de que os criminosos estavam expulsando os moradores das próprias casas e que seriam responsáveis também pelo assassinato e pelo sumiço dos corpos dessas vítimas. Naquela manhã de 6 de maio, 28 pessoas foram mortas, sendo um policial com um tiro na cabeça.
Crime organizado: Último fundador do PCC morre de covid-19 em SP
Questionada sobre o saldo assustador de pessoas abatidas, a Polícia Civil argumentou que as 27 mortes eram alvo da operação, mas um documento aponta que apenas sete estavam, de fato, nessa lista - além disso, dois dos mortos não tinham qualquer anotação criminal, o que contradiz a polícia que declarou na semana passada que todos morreram em confronto com agentes de segurança e tinham antecedentes.
Delegado divulga imagens de cenário de guerra no Jacarezinho
Apresentadora é criticada e se explica sobre Jacarezinho
Esse mesmo documento, um relatório sigiloso da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil obtido pelo GLOBO/Extra, mostra também que dos 27 mortos apenas 12 tinham anotações por crimes relacionados ao tráfico.
“Em razão da dificuldade de se operar no terreno, em razão das barricadas e das táticas de guerrilha realizadas pelos marginais, o local abrigaria uma quantidade relevante de armamentos, os quais seriam utilizados nas retomadas de favelas perdidas por facções rivais ou para se reforçar de possíveis investidas policiais”, diz trecho do documento, o que levanta questionamentos, uma vez que o argumento inicial seria a suspeita de que os traficantes estariam aliciando menores para a facção.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar