O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta sexta-feira (20) que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deveria "trabalhar mais e tuitar menos".
O novo capítulo da escalada retórica entre os dois potenciais adversários nas eleições presidenciais de 2022 tem como pano de fundo o anúncio feito pela montadora Toyota nesta quinta-feira (19) de que vai investir R$ 1 bilhão em sua fábrica de Sorocaba, gerando 300 empregos.
Doria viajou ao Japão nesta semana para participar da cerimônia de anúncio ao lado de executivos da Toyota. Na ocasião, Masahiro Inoue, presidente da montadora para as regiões de Caribe e América Latina, disse que estava agradecido ao governo Doria "pelo diálogo aberto" e por construir com a empresa "uma forma de viabilizar o investimento".
Após a repercussão do anúncio, ainda na quinta-feira, em seus posts e transmissões de vídeo, Bolsonaro queixou-se do comunicado.
"Para variar, a notícia não tem meu nome", disse em vídeo. Bolsonaro também escreveu que o investimento está acontecendo "graças ao programa de valorização dos biocombustíveis do governo federal, o Renovabio".
Desde o início de sua gestão, Doria vem mantendo relação próxima com a indústria automotiva. Lançou um pacote de incentivos fiscais para ajudar o setor, chamado de Incentivauto, oferecendo desconto de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a quem investir mais de R$ 1 bilhão e gerar 400 empregos.
O novo anúncio da Toyota não se encaixa no benefício porque gera só 300 vagas, mas, segundo Doria, ainda pode entrar, caso eleve o número de empregos.
O governador capitaliza a seu favor a preservação e a geração de postos de trabalho nas montadoras. Em oportunidades de se manifestar sobre a indústria, ele gosta de exaltar que convenceu a GM a desistir de fechar fábricas no estado e assumiu, ele próprio, a missão de estimular um comprador para a unidade da Ford fechada em São Bernardo.
O Renovabio, mencionado por Bolsonaro, é um programa nacional assinado pelo governo Michel Temer para estimular a produção de biocombustíveis no Brasil em troca da redução de emissão de gases poluentes.
O programa Rota 2030, também lançado na gestão Temer, em substituição ao InovarAuto, mantém metas de eficiência energética que a indústria precisa cumprir e prevê a possibilidade de redução de três pontos percentuais de IPI para veículos híbridos flex.
As especificações do novo modelo de carro que será produzido pela Toyota em Sorocaba ainda não foram divulgadas pela montadora. O mercado especula que será um híbrido flex, com uso de etanol, mas a companhia não confirma.
Outra fábrica da Toyota, em Indaiatuba, recebeu há cerca de um ano, um investimento, também de R$ 1 bilhão, onde está sendo produzida a nova geração do Corolla, que já é um carro híbrido flex, ou seja, que trabalha com um motor a combustão flex e um elétrico. Ele começou a ser vendido neste mês.
Após as postagens de Bolsonaro, Doria disse que o novo anúncio não tem nada a ver com o lançamento do Corolla
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