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CRISE INSTITUCIONAL

Paysandu: pedidos de rescisões judiciais já superam R$ 4 milhões

Paysandu enfrenta crise jurídica e financeira com ações trabalhistas dos jogadores Pedro Delvalle, Ramon Martínez, André Lima e Dudu Vieira.

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Imagem ilustrativa da notícia Paysandu: pedidos de rescisões judiciais já superam R$ 4 milhões camera Paysandu: quarteto pediu rescisão contratual na justiça por atrasos salariais. | Ascom/Paysandu

O Paysandu vive uma crise que extrapola o campo e invade com força os bastidores jurídicos e financeiros. Em meio ao planejamento para a temporada de 2026, o clube se vê pressionado por uma série de ações trabalhistas movidas por jogadores do próprio elenco de 2025, todas com um denominador comum: o pedido de rescisão indireta por inadimplência contratual.

No total, quatro atletas já acionaram a Justiça do Trabalho, somando R$ 4.044.000,49 em valores de causa, e já colhendo decisões liminares que afetam diretamente o elenco e a organização interna do Paysandu. Três jogadores foram liberados para atuar por outras equipes, enquanto apenas o caso de maior valor — o de André Lima — teve a liminar negada, ao menos por enquanto.

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No processo mais robusto, André Lima, cujo pedido ultrapassa R$ 1,6 milhão, alegou atrasos salariais, falta de pagamento de direitos de imagem, ausência de depósito de FGTS desde julho e a interrupção completa dos repasses desde setembro, além do não pagamento de auxílio-moradia. O Paysandu apresentou uma defesa extensa, argumentando que parte das verbas envolve contratos de imagem entre pessoas jurídicas — tema em debate no STF — e que salários de setembro e outubro teriam sido pagos, afirmando ainda que imagem é paga no mês subsequente.

O juiz entendeu que existe vínculo empregatício e afastou a tese de suspensão automática do processo, mas considerou que há divergências documentais relevantes e risco de irreversibilidade, caso a tutela fosse concedida. Por isso, negou a liminar, mantendo André vinculado ao clube até audiência marcada para fevereiro.

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O caso de Pedro Delvalle, com valor de R$ 914.919,62, apresentou documentação considerada consistente, incluindo comprovantes de FGTS não depositado entre julho e outubro, direitos de imagem de setembro e outubro em atraso e salário de outubro não pago. A Justiça considerou que a Lei Geral do Esporte prevê rescisão indireta com dois meses de inadimplência e, verificando que os atrasos superavam esse limite, liberou Delvalle para atuar por qualquer clube, oficiando a FPF e a CBF.

No processo de Ramon Martínez, avaliado em R$ 808.005,48, o jogador apresentou um dos elementos mais decisivos em disputas dessa natureza: extrato de FGTS com cinco meses sem depósitos, sendo o último realizado em junho. A Justiça destacou que a carreira de atleta é curta e que impedir o jogador de trabalhar configuraria prejuízo irreparável, citando ainda precedentes do TST. Dessa forma, deferiu a rescisão indireta provisória e liberou Martínez imediatamente, estabelecendo inclusive multa diária em caso de descumprimento.

O caso de Dudu Vieira, no valor de R$ 705.045,39, reforça o padrão observado: atrasos salariais, direitos de imagem parcialmente pagos e FGTS não depositado desde junho. A documentação foi considerada suficiente para comprovar mora contumaz, e o juiz entendeu que a permanência do atleta vinculado ao clube prejudicaria sua carreira, especialmente diante da proximidade de janelas de transferência. A tutela foi concedida e Dudu também foi liberado para atuar em outra equipe.

No entanto, em audiência realizada na última quinta-feira (11), a magistrada acabou por suspender o processo devido ao fato de a presente ação tratar de questão relacionada a pedidos relacionados à pessoa jurídica ou “pejotização”, visto que o contrato de imagem foi celebrado entre o Paysandu e uma empresa ligada ao atleta. E quando envolve relação entre pessoas jurídicas, o processo trabalhista deve ser suspenso até decisão definitiva do STF que trata sobre essa matéria.

O que une as quatro ações

A análise conjunta das decisões revela um padrão claro e repetido nos processos, evidenciando problemas estruturais na gestão financeira e contratual do Paysandu. Todos os atletas alegam atrasos salariais, ausência ou irregularidade no pagamento de direitos de imagem e, principalmente, FGTS sem depósito por meses consecutivos — ponto considerado determinante pelos juízes.

Em todos os casos, os jogadores invocam a Lei Geral do Esporte, que estabelece a rescisão indireta quando a inadimplência supera dois meses, e sustentam que a permanência vinculada ao clube atrapalha diretamente o exercício da profissão. As decisões favoráveis reforçam a ideia de que a Justiça reconheceu um padrão de inadimplência e a urgência em garantir a continuidade da carreira dos atletas.

Divergências entre os processos

Embora compartilhem o mesmo núcleo de reclamações, os casos apresentam diferenças importantes. O processo de André Lima é o único em que o Paysandu apresentou defesa completa antes da análise da liminar, contestando pagamentos de forma detalhada e alegando a existência de contratos civis de imagem firmados entre pessoas jurídicas — argumento inexistente nos demais.

Além disso, a documentação apresentada por Martínez é significativamente mais contundente, com extrato de FGTS comprovando cinco meses sem depósitos, o que fortaleceu de forma decisiva sua tese. Em Delvalle e Dudu Vieira, os atrasos salariais estão mais claramente documentados, enquanto o caso de André depende de maior esclarecimento em audiência.

Com três atletas liberados e outro processo milionário tramitando, o Paysandu entra na temporada de 2026 sob forte pressão jurídica, administrativa e esportiva. O passivo trabalhista, hoje superior a R$ 4 milhões, pode aumentar com juros, multas e reflexos legais, além de comprometer o planejamento de elenco e exigir respostas rápidas da diretoria. O clube terá de comprovar documentalmente pagamentos e regularizações para tentar reverter decisões e evitar que novas ações surjam, enquanto lida com uma das maiores crises trabalhistas de sua história recente.

O DOL tentou contato com a assessoria do Paysandu por diversos caminhos, no entanto, até o fechamento da matéria, o clube não deu nenhum retorno. O espaço segue aberto para atualizações e posicionamento.

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