plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 26°
cotação atual R$


home
CHAMPIONS LEAGUE

Decisão entre Liverpool e Real Madrid opõe modelos de gestão

A equipe inglesa é um clube-empresa. Os espanhóis mantêm o tradicional formato associativo.

twitter Google News

A final da Liga dos Campeões, que acontece neste sábado (28), no Stade de France, em Paris, terá o encontro do maior vencedor do torneio com 13 títulos, o Real Madrid, e o Liverpool, dono de seis taças. O sucesso em campo foi alcançado com modelos diferentes de gestão. A equipe inglesa é um clube-empresa. Os espanhóis mantêm o tradicional formato associativo.

Antes comum, o modelo associativo foi substituído pelo clube-empresa em praticamente toda a Europa. Nas cinco principais ligas do mundo (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália), 96% dos times aderiram à gestão empresarial, de acordo com levantamento realizado pela consultoria Ernst & Young.

No Velho Continente, todos os times da primeira e segunda divisão de Inglaterra, Itália e França são empresas. Já na Espanha, o número é de 90% e na Alemanha, de 86%. Vale destacar que a transformação na Itália, França e Espanha foi feita de maneira obrigatória, por meio de lei, como forma de solução para muitos casos de clubes endividados.

Jurídico do Remo avalia novas propostas de SAF

Apesar da obrigatoriedade no país, o Real Madrid não precisou aderir ao formato por uma exceção na lei, que tirava a obrigação para clubes que tivessem patrimônio líquido positivo. E, mesmo com o modelo tradicional, os merengues se mantêm entre os principais times do mundo. Estudo anual da consultoria britânica Brand Finance apontou o clube espanhol como a marca mais valiosa, avaliado em 1,5 bilhão de euros (cerca de R$ 7,7 bilhões).

O Liverpool, por sua vez, foi comprado em 2010 pela Fenway Sports Group Holdings (FSG), do bilionário americano John Henry, por cerca de 344 milhões de euros (R$ 1,7 bilhão na cotação atual), após disputa judicial com os ex-donos, os também americanos Tom Hicks e George Gillett. Desde então, acumula conquistas como a própria Liga dos Campeões de 2018/2019, o Mundial de Clubes de 2019, o Campeonato Inglês de 2019/2020 e a Copa da Inglaterra e a Copa da Liga Inglesa da atual temporada europeia.

Especialista em marketing esportivo e negócios do esporte, Armênio Neto aponta que o confronto vai além do duelo entre modelo associativo e clube-empresa. Estarão se enfrentando dois clubes com boa gestão e que colhem os frutos disso. “Essa final não é um clássico entre Clube-Empresa x Clube Associativo para ver o que funciona melhor. Veja Real e Barcelona. Ambos são clubes associativos em situações distintas por questões de gestão e governança. Clubes-empresa, por sua vez, também quebram e dão errado. Alguns, com menos dinheiro que outros, conseguem resultados melhores. Essa final é, na verdade, a prova de que gestão e governança são mais importantes do que os modelos em si.”

NO BRASIL

Se nos países europeus a transformação de modelo associativo para clube-empresa já acontece há um bom tempo – Itália (1981), França (1984) e Espanha (1990) -, no Brasil houve uma tentativa de estimular a conversão de associação civil sem fins lucrativos para empresa em 1993, sem muito sucesso, assim como com a Lei Pelé, de 1998, que tinha como um dos objetivos a migração obrigatória.

A chegada das SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol), porém, parece trazer uma nova realidade no Brasil, com cada vez mais adeptos. Times tradicionais como Botafogo, Vasco e Cruzeiro aderiram ao formato. Há também os emergentes, como o Cuiabá, exemplo de sucesso de um clube-empresa.

SAFs

As mudanças nas administrações e rumos dos clubes já podem ser percebidas, conforme destaca o especialista em direito desportivo empresarial, Eduardo Carlezzo. “Cada investidor tem um perfil de atuação. Sendo esse investidor dono da maioria das ações, está legitimado a agir como entender para implementar o seu estilo de gestão. No caso do Cruzeiro, o Ronaldo tinha que deixar claro uma mensagem com relação a corte de gastos. No Botafogo, o John Textor teve uma decisão dura de romper com todos os patrocinadores. Cada um deles está liderando de acordo com seu histórico profissional e com as necessidades mais urgentes de cada clube”, explicou Carlezzo.

Além do rompimento com os patrocinadores, o Botafogo se notabilizou pelas contratações que deram uma nova cara ao time. Chegaram nomes como Patrick de Paula, Tchê Tchê, Renzo Saravia, Lucas Piazon, Lucas Fernandes, Victor Cuesta, Sebastian Joffre e Niko Hamalainen, tornando o elenco ainda mais competitivo.

“É interessantíssimo ver essa química. Sem dúvida, o torcedor abraçou o Textor e com um olhar muito carinhoso, de muita esperança. Acho que passa muito pela personalidade dele, de interagir, de desafiar, mostrar uma visão inovadora. O torcedor estava vivendo uma realidade dura há vários anos, muito apertada, e de repente surge uma possibilidade de fazer o Botafogo uma potência novamente da noite para dia. É contagiante”, disse o CEO do clube, Jorge Braga.

Bruno Maia, executivo de inovação no esporte, ressalta que os perfis de cada investidor têm a ver com o que o clube precisa no momento e o que é necessário passar como mensagem ao torcedor. “O John Textor chega ao Botafogo sem nenhum vínculo com o torcedor, não havia história entre as partes. O Ronaldo não, ele já chega em uma posição de ídolo do Cruzeiro. Isso o ajudou a tomar atitudes duras, como a saída do Fábio, que apesar das duras críticas, não inviabilizou a continuidade do projeto. Era importante o Ronaldo deixar bem claro a situação, ir lá embaixo para mostrar a verdadeira realidade. Essa foi e continua sendo uma mensagem necessária, é a realidade que ele quer mostrar ao torcedor”, afirmou.

“As ações do Textor são totalmente contrárias a essas (do Ronaldo). Elas precisavam levar em consideração que o John tem de se aproximar do botafoguense, ganhar a confiança, fazer um afago em uma torcida carente. Ele soube fazer isso muito bem, deu entrevistas dizendo que acompanha o sistema tático do treinador, colocou o Botafogo em uma placa de campo na Premier League (jogo entre Crystal Palace x Chelsea). Isso ajudou, nesse caso, a quebrar a visão de que ele chegaria como um investidor apenas para fazer dinheiro, criou uma outra expectativa e afastou as dúvidas da torcida.”

Para garantir que a missão dos profissionais que estão à frente dos clubes em reestruturação aconteça com tranquilidade, na visão de Juliana Biolchi, advogada especializada em renegociação de dívidas, é preciso trazer um elemento imprescindível: a segurança jurídica.

“Hoje temos novos instrumentos legais à disposição dos clubes, para organizar os seus passivos, como é o caso do RCE. Mas, há, ainda, opções mais maduras, como a recuperação extrajudicial ou judicial, que também precisam ser consideradas. O que a SAF precisa é estabilidade para que os executivos possam fazer o seu trabalho e cada caso é um caso.”

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Mundo

    Leia mais notícias de Mundo. Clique aqui!

    Últimas Notícias