Quem vê as manobras ousadas do surfista brasileiro Ítalo Ferreira não imagina os perrengues que o nordestino passou para chegar ao ouro olímpico em Tóquio. Há dias que a maré não está tão favorável, mas o atleta provou que, mesmo assim, consegue surfar de forma única.
Italo Ferreira conquista 1º ouro do Brasil em Tóquio
Furacão, passaporte e carro roubados, disputa de bermuda jeans, até a prancha quebrada. São alguns dos percalços protagonizados pelo brasileiro que arrancou lágrimas dos olhos de muita gente, após conquistar a medalha de ouro na modalidade na madrugada desta terça-feira (27).
DO AEROPORTO PARA A PRAIA
Durante a estreia de Ítalo nos Jogos Mundiais do Japão, em setembro de 2019, o atleta chegou atrasado na disputa, devido à uma série de problemas fora de seu controla. Ele saiu do aeroporto direto para a praia de Myasaki, deixando as bagagens para trás, inclusive sua prancha e a bermuda da competição. Para competir, o surfista emprestou a prancha de Filipe Toledo, vestiu um jeans, e não poderia dar outra. Mesmo assim, ele fez seu melhor tempo.
O próprio Ítalo relatou os fatos em seu Instagram.
“Fui roubado 4 dias atrás, nos Estados Unidos. Na minha mochila, que eles levaram, tinha alguns pertences pessoais e o documento mais importante para uma pessoa que está viajando e nem sabe falar perfeitamente a língua local: o passaporte. Este era eu. Sem saber pra onde ir, sendo que no mesmo dia eu tinha um voo marcado para o Japão para competir em um evento mundial essencial na busca por uma vaga nas olimpíadas de 2020, em Tokyo”.
PASSAPORTE E CARRO ROUBADOS
O drama de Ítalo iniciou um dia antes da viagem ao Japão,quando o atleta teve seu passaporte e o carro roubados em Los Angeles. Foi necessário o pedido de um passaporte de emergência. Já os vistos ficaram para depois do furacão:
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FURACÃO
Um novo imprevisto rondou a saga de Ítalo. Um furacão em Tóquio, o que impossibilitou o avião do atleta pousar na hora marcada. Com isso, o atleta ficou 18 horas à bordo, e não chegou a tempo no Consulado americano à tempo da entrevista, que ficou para o dia seguinte.
“Parecia tudo normal, mas MEU VOO ATRASOU POR CAUSA DE UM FURACÃO – inclusive, fiquei 18 horas dentro do avião. Ou seja, eu não teria como chegar a tempo para a entrevista no consulado no Japão. Então remarquei para as 8:30 do dia 10 de setembro, primeiro dia da competição, sem ter certeza de que o visto seria aprovado.”, contou o atleta.
EM CIMA DA HORA
Ítalo desembarcou no Japão, literalmente, em cima da hora, no momento em que estava iniciando a bateria que iria disputar. Sem ter tempo para nada, ele seguiu direto do aeroporto para a praia em que ocorria o torneio, a 10 minutos de viagem, deixando tudo para trás, inclusive bagagem.
Chegando na praia, faltando 12 minutos para o fim da disputa, Ítalo entrou na água com a roupa que viajou, uma bermuda jeans, e com a prancha emprestada do amigo Felipe Toledo, que também participava da disputa. Mesmo podendo fazer uma única tentativa, Ítalo conseguiu pegar ondas perfeitamente e se consagrou campeão da competição, garantindo sua vaga nas Olimpíadas.
Os Jogos Mundiais do Japão reuniu surfistas de 55 países e foi um evento obrigatório para os atletas que tinham pretensões de disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
PRANCHA QUEBRADA
Em seu grande dia já nas Olimpíadas de Tóquio, mais precisamente em Tsugaraki, em Ichimoya, durante sua primeira onda, um novo choque. A fúria do mar tinha partido a prancha ao meio e Ítalo precisou de ajuda.
Mas, o adversário de Ítalo era o japonês Igarashi, quem já havia despachado outro brasileiro, Gabriel Medina. Para quem já havia superado tantos outros percalços, passar pelo adversário foi "fichinha". O surfista conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio 2020.
DOR NA PERNA
Em entrevista, perguntado sobre o porque de estar arrastando a perna, ele se limitou a dizer sorrindo "faz parte da brincadeira".
"Eu queria que minha avó tivesse viva pra ver isso. Ver o que me tornei, ver o que consegui fazer pelos meus pais, por aqueles que estão ao meu redor. Não tenho palavras. Está aí, meu nome na história do surfe.", finalizou o surfista.
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