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ENTREVISTA

Ricardinho aguarda eleições para saber se fica no Paysandu

O jogador integrou o grupo mesmo sem poder jogar e tentou ajudar com a sua liderança e experiência. Em entrevisa concedida ao Diário do Pará, o atleta falou sobre diversos temas, dentre eles, sua volta aos gramados após 6 meses

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Imagem ilustrativa da notícia Ricardinho aguarda eleições para saber se fica no Paysandu camera O jogador atuou em sua segunda partida consecutiva, entrando no segundo tempo | Jhon Wesley/Paysandu

Principal contratação do Paysandu em 2022 e sem entrar em campo desde o dia 6 de abril, na final do Campeonato Paraense, o meia Ricardinho voltou aos gramados na última terça-feira (8), no primeiro jogo semifinal da Copa Verde de 2022, o empate em 2 a 2 com o São Raimundo-AM, em Manaus (AM). A volta foi discreta, mas uma jogada individual que quase resultou num golaço, com a trave carimbada após um drible desconcertante, deu a certeza aos torcedores que o maestro bicolor estava mesmo de volta.

Seu período de recuperação foi acompanhado por boa parte da torcida com fotos, vídeos e lives nas redes sociais. No dia a dia, a pergunta constante era de quando estaria de volta. “Você quer dar a resposta que o torcedor quer, você quer voltar antes, mas tem que respeitar o tempo das coisas e controlar a ansiedade”, lembra o jogador.

Recuperado, a pergunta a ele passou a ser outra: vai renovar com o Papão para 2023? Ricardinho já expressou o desejo de ficar, assim como o presidente Maurício Ettinger o teria dito que o Paysandu tem interesse em tê-lo no elenco para mais uma temporada, mas tudo depende da eleição do mês que vem, que escolherá o próximo grupo a dar as cartas na Curuzu.

No dia seguinte de seu retorno, uma de suas maiores torcedoras - junto com as duas filhas dele -, a esposa Ana Acosta, compartilhou um depoimento emocionado com a superação do marido e atleta, agradecendo a todos que usaram as redes sociais para torcer pelo tão aguardado retorno. “Que emoção! Ontem o Ricardo voltou a jogar pelo Papão. Após seis meses de recuperação parece que só aumenta o seu comprometimento de entregar o melhor para o grupo. (...) Existe muita vida real nos bastidores da família de um atleta profissional. E como é bom quando você que acompanha a nossa família por aqui, entende isso, e escolhe jogar junto através da sua torcida e oração”.

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Ricardinho falou com exclusividade com o Bola desse retorno, do que pensou no momento em que entrava em campo, dos dias de recuperação, de como deve ser o seu futuro, entre outros assuntos.

P - O que passou pela tua cabeça naqueles momentos antes de entrar em campo. Do chamado do técnico Márcio Fernandes, aquecimento, orientações e finalmente tocar na bola?

R - Tu crias uma expectativa de entrar em campo e valoriza cada minuto. Quando o Márcio me chamou eu pensei ‘agora é o momento de entrar em campo, o qual tanto esperava’. Depois de tanto tempo, de tanto tratamento, aquele era o momento de confirmação de tanto trabalho, a confirmação de que Deus está no controle. Nem esperava uma boa performance, o que meu deu mais ânimo de trabalhar e voltar a jogar num bom nível.

P - Como foi sua atuação ao ser relacionado no quadrangular da Série C? Essa ajuda pela tua experiência foi uma via de mão dupla?

R - Eu também fui ajudado. O atleta precisa se sentir útil. Qualquer profissional, seja qual for a função, tem que se sentir útil para fazer algo a mais. Não pedi para estar nas relações dos jogos, para viajar, foi uma solicitação para a diretoria e de pronto eu atendi. Entregar algo que os líderes esperam queima meu coração. Foi um momento difícil, não conseguimos o acesso por vários motivos, mas estar junto para tentar ajudar foi importante. Quem vive nas quatro linhas sabe como é importante esse apoio. Hoje a gente dá mais importância à questão mental, esse cuidado com teu coração para ter um melhor desempenho. É uma preparação tão importante quanto a parte física e técnica. Foi o que tentei fazer e me senti muito bem, foi muito benéfico estar ao lado dos meus companheiros, mesmo sabendo que não poderia jogar. Pude trabalhar num propósito maior, demonstrando algo que é um natural meu, que é o bem do clube e dos companheiros.

P - Durante os quase sete meses de recuperação da cirurgia tu fizestes umas lives pelas redes sociais com atletas, profissionais de saúde e do futebol. O que te motivou a isso e qual a resposta das pessoas?

R - Foi algo que tocou meu coração, de poder buscar mais informações durante minha recuperação. A gente se sente útil e, ao mesmo tempo, proporciona informação a quem te segue e te admira. Falei sobre vários assuntos, alguns relacionados a minha cirurgia, falei com profissionais da área, com atletas, com líderes, só de cultura, com vários assuntos que acho interessantes e recebi um feedback muito interessante. Procurei estudar, me informar. Mesmo num momento difícil a gente tenta passar de uma forma melhor, com muita fé, mesmo com dores e fraquezas que nos atormentam.

P - Terão mais lives durante as férias?

R - O pessoal tem pedido. Quem sabe nas férias eu faça mais lives. Todos os assuntos são importantes se estão no teu coração. Sempre tem alguém que vai precisar escutar e tive esse retorno.

P - como tem sido a relação com a torcida bicolor, desde o período em que estavas jogando e o de recuperação da cirurgia?

R - Sempre recebi muito carinho do torcedor, desde quando fui anunciado e cheguei. Durante esse período de tratamento não foi diferente. O pessoal mostrava confiança de que ia me recuperar e ajudar. Nas redes sociais o apoio foi imenso também. Isso é muito bacana, são pessoas que tiram do seu tempo para pensar no bem de outra pessoa, de que estavam orando por ti. Isso trouxe uma paz imensa. As pessoas me perguntavam se dava para jogar ainda na Série C e saber controlar essa ansiedade, essa pressão externa, requeria teu melhor. Mas, eu só tenho a agradecer ao torcedor desde que cheguei.

P - Você é um criador de jogadas, um líder dentro e fora de campo e muito comunicativo. O que tu planejas para o futuro, vai continuar no meio do futebol?

R - Você vai chegando a uma idade e as pessoas perguntam o que você vai fazer quando parar. Eu penso sobre isso e busco conhecimento, estudando para o futuro. Estudo tanto para um trabalho de dentro do campo quanto para o de gestão. Eu confesso que não sei ainda se serei técnico, se serei um gestor, mas estou me preparando para as duas funções para escolher qual meu caminho. A certeza que eu tenho é que quero ajudar atletas a desempenharem seus melhores, enxergarem uma carreira a longo prazo, mudar alguns comportamentos, fazendo que eles entendam que podem continuar estudando e se preparando, inclusive para tomar conta de suas finanças. Algo que eles possam se preparar para o futuro.

P - Quem acompanhou seu período de recuperação pelas redes sociais viu parte do teu dia a dia. O que você poderia falar da importância da religião e da família na tua vida pessoal e profissional?

R - Não falo de religião e sim de Deus, de Jesus. A palavra de Deus fala que quando você aceita Cristo você é uma nova criatura e todas as coisas novas são feitas e as velhas se foram. É uma mudança de mentalidade. Faço um paralelo da cirurgia que fiz antes de encontrar Jesus e a que tive que passar agora, quando tive uma paz total. A pessoa muda seu caráter, se conhece melhor quando aprende a palavra de Deus e passa a saber como ele age na tua vida. Isso faz você conhecer tua verdadeira identidade. Já família é a base de tudo. Minha esposa e minhas filhas são quem estão sempre comigo, que choram ao meu lado, que estão sempre juntas a mim. Elas sabem das minhas fraquezas e me passam força. Minha esposa me facilita muito com um trabalho árduo para cuidar da nossa casa e das nossas filhas para eu me focar no trabalho. Lógico que faço minha parte, até porque é uma necessidade. É um pilar de Deus para você ser uma pessoa bem sucedida.

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