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HOMOFOBIA

Ex-volante do Paysandu, revela boicote por “fama de gay”

Após chegada na Curuzu em fevereiro de 2021, alguns vídeos de Elyeser circularam nas redes sociais. Em maio, ele foi afastado e passou a treinar separado do grupo. Quatro semanas depois, o clube rescindiu o contrato com o atleta.

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Imagem ilustrativa da notícia Ex-volante do Paysandu, revela boicote por “fama de gay” camera Elyeser defendeu a camisa do Paysandu por cinco meses. O jogador atuou em 11 partidas pelo clube bicolor e marcou um gol, no qual também foi campeão paraense. | John Welsey / Paysandu

O preconceito com a comunidade LGBTQIA+ dentro do mundo dos esportes ainda existe. Em muitos casos aqueles que têm a coragem de revelar informações sobre a orientação sexual e mostrar o orgulho de ser quem é ganha notoriedade.

Entretanto, em muitos casos, a homofobia ainda está presente naqueles esportes que sempre foram vistos como voltado ao sexo masculino, a exemplo do chamado "mundo da bola".

Entre tantos assuntos relatados, desta vez um ex-jogador do Paysandu deu detalhes da dificuldade de jogar futebol devido aos vídeos que circularam na internet.

Atualmente jogador do Santa Cruz, o volante Elyeser, de 32 anos, revelou ao Podcast “Nos Armários dos Vestiários”, do site Globo Esporte.com, que um vídeo gravado em 2017 quase lhe custou sua carreira por ter pego “fama de gay”, mesmo sendo declarado heterossexual. Na filmagem, o jogador aparece de forma descontraída cantando Marilia Mendonça em registro compartilhado por ele mesmo no grupo de jogadores do Goiás, clube em que atuava na ocasião.

Volante do Paysandu se explica por vídeos descontraídos

“Fiquei oito meses sem jogar por causa disso. Cheguei a pensar em jogar de graça, que iria parar de jogar. Toda vez que meu nome aparece em uma negociação alguém lembra desse vídeo. E aí solta um: ‘Ah, não vamos trazer o Elyeser porque vai chegar a um determinado momento de clássico os torcedores rivais, se ganharem da gente, vão pegar esse vídeo’…Eu cheguei a escutar isso de presidente, de diretor. Então não era pelo lado técnico, era esse o empecilho”, comentou o atleta.

“Por causa de um vídeo. E não vem ao caso se é uma brincadeira, se não é uma brincadeira. O fato é que, pelo vídeo que ele fez, praticamente todas as portas se fecharam no futebol. Eles (os dirigentes) não queriam analisar o jogador Elyeser. Isso foi o que mais me chocou. Eles não analisavam, não viam os números dele. Diziam apenas que não contratariam homossexual”, disse Diogo Pinheiro, empresário do jogador.

Diogo Pinheiro é empresário de Elyeser desde o final de 2021. Quando se tornou representante do volante, que estava sem atuar há sete meses desde a saída do Paysandu, Diogo afirmou que não foi nada fácil recolocá-lo no mercado, onde mais de 50 clubes que foram procurados se negaram a contratá-lo por causa das filmagens.

Volante Elyeser não é mais jogador do Paysandu

“Eu perdi a conta de quantos times, mais de 50. Da Série B foram 17, mesma coisa na Série C, mais alguns clubes da Série D fecharam as portas para ele. Inclusive, alguns clubes que só jogavam o Estadual. Em praticamente todos a resposta foi a mesma. Essa parte dele fora de campo não viabilizaria a contratação”, contou o empresário.

O jogador só voltou a se firmar no futebol este ano, vestindo a camisa do Santa Cruz para a disputa da Série D do Brasileirão. Porém, quando a torcida do Náutico, um dos rivais do clube, passou a usar os vídeos como forma de provocação, o atleta e o empresário tiveram medo do negócio não seguir adiante.

“O Leston Júnior (agora ex-treinador do Santa) bateu no peito e não deixou isso acontecer. Essa história do vídeo prejudicou muito. As pessoas julgam por um vídeo, não pelo o que eu apresento em campo? Eu acho que é aí que está o erro. Acho que é aí o grande problema. Tem gente que me liga e fala: “Elyeser, o que você está fazendo na Série D? O que aconteceu?”. Tem gente que não sabe” finalizou.

Em fevereiro de 2021, Elyeser havia sido anunciado pelo Paysandu, porém, com a circulação dos vídeos, em maio o volante foi afastado da equipe e passou a treinar separadamente do grupo. Com isso, após cerca de quatro semanas o clube rescindiu o contrato com o atleta. Elyeser defendeu a camisa do Paysandu por cinco meses. O jogador atuou em 11 partidas pelo clube bicolor e marcou um gol. Além do mais, ele detém o título de campeão paraense pelo Papão.

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