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HIPOCRISIA?

Após caso racista, Brusque fala sobre Consciência Negra

Time catarnense recuperou pontos no STJD após caso de racismo na Série B. Aproveitando a data de reflexão, o time liberou um comunicado sobre respeito ao povo afrodescendente e contra o racismo.

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Imagem ilustrativa da notícia Após caso racista, Brusque fala sobre Consciência Negra camera Brusque tenta se "limpar" no Brasil após caso de racismo | Reprodução / Instagram

Um dia depois de minimizar no tribunal as ofensas racistas sofridas pelo meia Celsinho, do Londrina, o Brusque foi às redes sociais para exaltar o Dia da Consciência Negra, celebrado neste sábado (20).

Ontem, durante julgamento no STJD, Osvaldo Sestário, advogado do time catarinense afirmou que os xingamentos proferidos contra o jogador por um cartola do clube não podem ser considerados "um caso gravíssimo", como tinha decidido uma instância inferior do tribunal. O argumento ajudou a reverter a perda de três pontos na Série B, o que praticamente livrou o Brusque do rebaixamento à terceira divisão.

Hoje, o clube publicou um texto dizendo que "não podemos, em pleno século XXI, permitir que práticas e atitudes racistas e discriminatórias sejam naturalizadas." A aparente contradição provocou reações entre internautas, no dia em que muitos clubes brasileiros vieram à público para lembrar ações de combate ao preconceito.

Assinado pelo pesquisador de Blumenau Guilherme Augusto Hilário Lopes, o texto publicado pelo Brusque afirma:

"O Dia da Consciência Negra nos convoca a repensar um conjunto de questões sensíveis e que perpassam toda sociedade brasileira, tais como: a desigualdade social, o racismo, a discriminação, além de promover a valorização e o reconhecimento da cultura afro. A nação tem uma dívida com a história e com esses homens e mulheres que jamais conseguirá ser paga. Mediante a isso, o que nos resta fazer é reconhecer a nossa história para evitar que os erros e as práticas absurdas de outras épocas se perpetuem.".

Em agosto, durante jogo da Série B contra o Londrina, o presidente do Conselho Deliberativo do Brusque, Júlio Antônio Petermann, ofendeu Celsinho, que estava no banco de reservas, com as palavras "vai cortar o cabelo, seu cabeça de cachopa". O jogador chamou a arbitragem, que identificou o cartola, ouviu testemunhas e relatou as ofensas na súmula.

Em resposta, o Brusque negou que Petermann tenha sido racista e ameaçou processar Celsinho: "O atleta é conhecido por se envolver neste tipo de episódio. Esta é pelo menos a 3ª vez, somente neste ano, que alega ter sido alvo de racismo, caracterizando verdadeira 'perseguição ao mesmo', escreveu o clube. "O Brusque F. C. reitera que nenhum de seus diretores praticou qualquer ato de racismo e tomará todas as medidas cabíveis para a responsabilização do atleta pela falsa imputação de um crime.".

Em julgamento de primeira instância, Pettermann foi suspenso, e o clube multado e condenado a perder três pontos na tabela, uma decisão inédita para casos de racismo no futebol brasileiro. Ontem, cinco dos sete auditores que votaram um recurso ao Pleno do STJD retiraram a perda de três pontos da pena do Brusque.

No julgamento do recurso, o advogado Osvaldo Sestário, que defendeu o Brusque, criticou a discriminação contra negros, mas afirmou que o caso não pode ser considerado gravíssimo.

"O julgamento não pode ser pautado pela nota oficial, não pode ser pautado por estarmos as vésperas da Consciência Negra. Temos que estar voltados 365 dias no ano para o combate à discriminação", disse, antes de elencar artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva que tratam de discriminação.

"Não podemos tratar essa questão como caso gravíssimo previsto no artigo 243-G. O artigo 243-G não pode vir desassociado do artigo 170 que qualifica as penas previstas. A multa aplicada ao clube não pode ser considerada no parágrafo 2º do artigo 243-G. Assim, em relação a multa e a perda dos três pontos, não pode prosperar a pretensão de se manter essa decisão por ser inaplicável. Essa pena já é uma das penas mais graves aplicadas nesse tribunal nos últimos cinco anos. Existe extrema gravidade nesse caso? Cachopa de abelha pode ser injúria e ofensa, mas um jogador branco como o Davi Luiz também pode ser chamado de cabelo de cachopa e não seria uma injúria racial.".

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