
Por vezes, a arte imita a vida. Outras vezes, é a vida que parece um roteiro, desses que prendem do início ao fim, com personagens inesquecíveis e reviravoltas dolorosas. A morte da atriz Lúcia Alves, aos 76 anos, na última quinta-feira (24), encerra uma história que marcou gerações pela leveza, carisma e talento. Mesmo longe da mídia há quase uma década, a presença da artista continua viva no imaginário de quem acompanhou sua carreira.
Lúcia estava internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, desde o último dia 14. Diagnosticada com câncer no pâncreas, também enfrentava diabetes e fascite plantar (inflamação que dificulta até os passos mais simples). Mesmo diante de tantos desafios, Lúcia encarava a vida com dignidade, aceitação e até bom humor.
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Em uma entrevista recente, declarou: “A melhor coisa é aceitação. Quando você compreende isso e aceita as coisas, tudo se modifica e fica melhor.”
O último adeus
A notícia de sua morte mobilizou nomes importantes do meio artístico. A atriz Elizabeth Savala lamentou: “Que triste, uma querida.” Maria Zilda Bethlem, com quem dividiu set e risadas, escreveu: “Descanse em paz, minha amiga querida e sempre divertida.” Já Kiko Mascarenhas destacou a importância de Lúcia nos bastidores e nas memórias de quem com ela trabalhou: “Uma colega querida por tantos.”
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Beth Goulart, Bruna Lombardi e tantos outros também se manifestaram, deixando claro o quanto Lúcia foi admirada e respeitada em vida e será lembrada após sua partida.
Trajetória
Nascida no Rio de Janeiro, filha do bancário Almir Alves da Silva e da psicóloga Edy Pinheiro Alves, Lúcia chegou a considerar a mesma profissão da mãe, que queria dirigir uma escola para crianças com síndrome de Down. Mas o destino a levou para outros palcos. Formada em fonoaudiologia, foi na dramaturgia que encontrou sua voz.
Estreou em 1969, na TV Tupi, com a novela Enquanto Houver Estrelas e, ainda naquele ano, migrou para a Globo, onde viveu sua primeira grande personagem, Geralda, em Verão Vermelho. Em 1970, ganhou o coração do público como a Índia Potira, na icônica Irmãos Coragem, de Janete Clair. Era o início de uma carreira sólida e versátil, marcada por personagens ora cômicas, ora dramáticas, mas sempre inesquecíveis.
Participou de títulos como Carinhoso (1973), Nina (1977), Eu Prometo (1983), Ti Ti Ti (1985), Barriga de Aluguel (1990), Mulher (1998), O Cravo e a Rosa (2000) e Sob Nova Direção (2004-2007). Seu último papel na Globo foi em "Joia Rara", em 2013. Também atuou em produções da Manchete, Record, SBT e, por fim, na TV Brasil, com o seriado República do Peru (2015), seu derradeiro trabalho na TV.
Desde então, Lúcia se afastou dos estúdios. Em março deste ano, ao comentar o relançamento da novela Helena, no Globoplay, foi enfática: “Hoje é muita decoreba. Não tem nenhum texto de televisão que vale a pena. Todo artista tem o seu auge. E depois que passa o auge, começa a se repetir um pouco. Aí perde um pouco da magia.”
Mesmo longe das câmeras, sua história seguia sendo escrita com coragem, especialmente durante o tratamento contra o câncer. Entre sessões de quimioterapia e dias de exaustão, ela seguia fiel a si mesma. “Ainda tomo minha cervejinha (…) Bebo muito menos, quase nada. E não atrapalha meu tratamento.” Dizia, com um sorriso, que a doença não conseguiu apagar.
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