
Eles fizeram rir, chorar, se emocionar. Estavam lá, nos palcos, nos sets, nos estúdios, encarnando personagens que marcaram gerações. Mas o tempo passa, os aplausos se apagam e, muitas vezes, o glamour dá lugar ao esquecimento. Foi pensando nisso que nasceu, em 1918, o Retiro dos Artistas, um refúgio silencioso para aqueles que, um dia, brilharam diante das câmeras, mas que precisaram, no fim da vida, de cuidado e acolhimento.
Ao longo dos anos, mais de seis mil artistas já passaram pelas casas simples, mas cheias de história, que formam o retiro, no Rio de Janeiro. A instituição vive exclusivamente de doações e do trabalho voluntário, oferecendo moradia, alimentação, cuidados médicos e, principalmente, dignidade a atores, cantores, músicos, figurinistas, maquiadores, dançarinos, produtores e técnicos que enfrentam dificuldades na velhice.
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A seguir, relembramos alguns dos nomes que viveram seus últimos dias no Retiro dos Artistas, e que deixaram saudade nas telas e palcos do Brasil.
Cláudio Corrêa e Castro

Conhecido pelo público como o severo Normando Castor, de O Cravo e a Rosa (2000), Cláudio foi um dos rostos mais presentes nas novelas da Globo entre as décadas de 1970 e 2000. Atuou em clássicos como Vale Tudo, Rainha da Sucata, Sinhá Moça e O Rei do Gado. Seu último papel foi em Senhora do Destino (2004). Mudou-se para o Retiro em 2003 e faleceu dois anos depois, vítima de falência de múltiplos órgãos após uma cirurgia cardíaca.
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Paulo César Pereio

Ícone do cinema nacional, Pereio construiu carreira sólida no Cinema Novo, movimento que marcou a história do audiovisual brasileiro. Com mais de 60 filmes e mais de uma dezena de novelas no currículo, ele também foi figura emblemática nas pornochanchadas. Viveu seus últimos anos no Retiro dos Artistas, para onde se mudou em 2020. Morreu em 2024, aos 83 anos.
Dirce Migliaccio

Eterna Emília da primeira versão de Sítio do Picapau Amarelo (1977), Dirce também brilhou como uma das irmãs Cajazeiras em O Bem-Amado (1973). A atriz participou de produções como Sai de Baixo e A Comédia da Vida Privada. Mudou-se para o Retiro em 2008 e faleceu cerca de um ano depois, aos 75 anos, vítima de pneumonia e infecção urinária.
Maria Lúcia Dahl

Com presença marcante nas décadas de 1970 e 1980, Maria Lúcia Dahl foi musa da televisão em novelas como Dancin’ Days, Torre de Babel, Cobras & Lagartos e Anos Rebeldes. Sua última aparição foi em Aquele Beijo, em 2011. Passou dois anos no Retiro dos Artistas antes de falecer, em junho de 2022, aos 80 anos, devido a complicações renais e Alzheimer.
Lafayette Galvão

Mineiro de nascimento, Lafayette teve carreira marcada por novelas como A Viagem, Terra Nostra, América e Malhação ID. Chegou ao Retiro em 2017 e lá permaneceu por dois anos. Morreu em 2019, aos 83 anos, vítima de uma sépsis pulmonar.
Carmélia Alves

Rainha do Baião, título carinhoso dado por ninguém menos que Luiz Gonzaga, Carmélia embalou décadas com músicas como “Sabiá na Gaiola” e “Cabeça Inchada”. A cantora viveu seus últimos anos no Retiro dos Artistas, onde morreu em novembro de 2012, aos 89 anos.
Edyr de Castro

Integrante do grupo As Frenéticas, Edyr também teve carreira sólida como atriz, participando de novelas como Roque Santeiro, Por Amor, Cabocla e Sinhá Moça. Sua última aparição foi em Poder Paralelo (2009). Morava no Retiro desde 2011 e faleceu em 2019, aos 72 anos, após anos de luta contra o Alzheimer.
Entre bastidores e saudade
O Retiro dos Artistas não é apenas um abrigo. É uma espécie de bastidor eterno, onde os personagens descansam e os artistas voltam a ser apenas gente. Gente que, mesmo longe da mídia, ainda carrega histórias incríveis para contar. E embora muitos tenham saído de cena sem a mesma atenção que receberam em seus tempos de glória, sua arte segue viva nas lembranças, nas reprises, nas canções e no coração do público. Enquanto houver memória, haverá palco. E o Retiro dos Artistas é, sem dúvida, o último camarim de muitos que jamais serão esquecidos.

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