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AMAZÔNIA E SUAS PARTICULARIDADES

Por meio da arte, projeto discute acessibilidade ribeirinha

No Instagram, a arquiteta Érica Monteiro compartilha artes e animações para discutir a acessibilidade em comunidades ribeirinhas da Amazônia

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Imagem ilustrativa da notícia Por meio da arte, projeto discute acessibilidade ribeirinha camera Produções mostram cotidiano das comunidades ribeirinhas na Amazônia. | Reprodução / Instagram

Qual o poder da arte? Pintar, desenhar, escrever, atuar, cantar, ações que para algumas pessoas são naturais e que transformam às vezes vidas e alcançam lugares imagináveis, provocando transformações e reflexão.

Com esse intuito, a arquiteta Érica Monteiro criou um projeto lindo, colorido e cheio de informação no Instagram para pensar a acessibilidade na Amazônia ribeirinha.

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Com artes, animações e desenhos coloridos e cheios de vida, a arquiteta convida o internauta a pensar sobre a acessibilidade nas comunidades ribeirinhas da Amazônia, levando a realidade das comunidades e provocando reflexões.

“Acessibilidade Ribeirinha surge como uma forma que encontrei de falar sobre as condições de acessibilidade nas áreas ribeirinhas, mas principalmente deixar em evidência toda nossa riqueza cultural, todo nosso potencial. A cultura é um grande diferencial para pensarmos em uma acessibilidade espacial nossa, isto é, mais coerente às realidades urbanas da Amazônia ribeirinha que são tão diversas”, explicou a arquita Érica Monteiro, que é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA e especialista em acessibilidade espacial e design.

Direito a cidade

Desenvolvido por Henri Lefebvre, o conceito de direito à cidade tem como objetivo garantir a todos os cidadães o direito de participar sobre as decisões sobre ela, possibilitando uma sociedade "equânime" e que tenha acessibilidade, acesso à educação e tantos os outros direitos fundamentais.

Nesse sentido, Érica Monteira ressalta que é preciso que as cidades ribeirinhas sejam incluídas das discussões, para possibilitar melhor qualidade de vida, estrutura e garantir os direitos da população local.

"Em se tratando das cidades tradicionais ribeirinhas, é urgente que discussões sobre o direito à cidade se estenda ao modo de viver dos ribeirinhos, em especial nos seus espaços públicos de vivências cotidianas, a exemplo dos trapiches, dos portos, das estivas, dos barcos e entre outros, uma vez que são marcas culturais que estão presentes na paisagem de muitas cidades amazônicas, e por isso precisam ser conhecidas, reconhecidas e valorizadas", destacou a arquiteta.

Acessibilidade Ribeirinha

Assim, o projeto da acessibilidade Ribeirinha surgiu como forma de chamar a atenção para a necessidade das comunidades tradicionais que ficam no Pará e na Amazônia, em geral.

Só no em torno de Belém, são dezenas de ilhas e comunidades ribeirinhas, como a Ilha do Combú, a Ilha Grande e Ilha das Onças.

"Dentro do direito à cidade, tem-se o direito à acessibilidade que resguarda o direito de ir e vir das pessoas. No entanto, quando falamos sobre acessibilidade espacial nas áreas ribeirinhas, evidencia-se uma realidade marcada por negligências públicas, que se desdobram nas condições precárias de acessibilidade nos ambientes construídos e nos improvisos. Esses improvisos violam direitos humanos, por ameaçar não apenas a segurança das pessoas, mas sua saúde e o direito a uma vida digna", explica Érica.

Arte, relaxamento e memórias

Além de ser uma forma de chamar a atenção para o tema, Érica também encontrou uma forma de relaxamento ao criar as animações, que são sempre coloridas e muito reflexivas, mostrando a realidade das comunidades ribeirinhas.

"O processo de criação demora, não é rápido e ele funciona para mim como se fosse a minha dopamina, é o meu momento de relaxamento, é quando, por incrível que pareça, eu esqueço as outras coisas e é uma forma que eu tenho de relaxar. É como se eu saísse do meu pequeno 'mundinho' e entrasse num outro que para mim são as minhas memórias afetivas, de criança, quando eu visitava o interior, a memória das pessoas que eu conhecia, das histórias que elas me contavam, estas que a minha mãe me conta até hoje", relata Érica Monteiro.

Com toda a pesquisa e afetividade, todas as artes produzidas têm um significado muito forte, não só para Érica, mas também nas histórias das comunidades ribeirinhas.

"Quando eu comecei a fazer a pesquisa e comecei a fazer uma imersão nessas cidades ribeirinhas, comecei a escutar outras pessoas, outras histórias, outras formas de viver, também de pensar o imaginário. Então, tudo tem um significado. Se prestar atenção, por exemplo, cada uma das minhas animações, até as plantas que eu coloco, elas têm o significado para gente em relação as nossas plantas regionais. Então, quando eu penso na estiva, ela não é só um lugar de circulação, mas é um lugar de encontro, de sociabilidade, onde as pessoas se encontram para conversar, para observar tudo ao seu redor. Tudo tem o significado para além de só de uma função e é isso que eu tento colocar nas animações", concluiu a arquiteta Érica Monteiro.

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