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Dilemas da fé: nem todo cristão é evangélico ou protestante 

O protestantismo, que tinha como finalidade retomar ao ensinamento de Cristo, acabou gerando outros movimentos que se afastaram do evangelho. Este é o assunto da coluna Outside, escrita por Demax Silva, do podcast de mesmo nome, também publicado no DOL.

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Imagem ilustrativa da notícia Dilemas da fé: nem todo cristão é evangélico ou protestante  camera DEMAX SILVA SARMENTO

Evangélico e protestante são nomenclaturas que definem aqueles que acreditam em Deus, mas é necessário se fazer uma análise a respeito do assunto, pois nem todo evangélico/protestante é um seguidor de Cristo. É preciso separar o joio do trigo.

Nos primeiros anos da igreja primitiva (após a ascensão de Jesus ao céu), não existiam denominações religiosas, não existiam templos e nem divisão hierárquica, todos eram servos. O principal papel dessa igreja era levar a mensagem da cruz, reconciliando os homens com Deus.

A Bíblia não existia, o que se tinha eram escritos do chamado pentateuco, ou a Torá, que continham as cinco primeiras seções ou instruções da lei de Moisés. Sendo que nem todos tinham acesso a esses escritos.

A ajuda ao próximo era uma outra marca dessa igreja. A todo momento, pessoas estavam dispostas a estender a mão, sempre que fosse necessário. E em meio às perseguições, o movimento crescia sem que pudesse ser combatido, até que o Imperador Constantino lançou um êdito, criando assim, a religião oficial do Império Romano. O Cristianismo.

Em nenhum momento os cristãos (até então considerados apenas como seguidores de Cristo) estiveram livres de perigos, acusações e morte. Entretanto, desde a publicação de Constantino, no ano 313, até o término do império, a religião oficial foi ganhando força, se estruturando. Novos muros foram erguidos, a espada, tanto combatida por Cristo, não foi somente embainhada, mas enterrada sobre aqueles que se opuseram ao Cristianismo. O véu rasgado do templo, foi costurado, refeito. (Mateus 27.51)

O legado criado por Roma se espalhou pelo velho continente, tornando- se a religião dos imperadores. Seu poderio aumentou, atraindo a partir desse momento não mais pessoas que verdadeiramente se convertiam a Cristo, mas pessoas inescrupulosas que só pensavam em conseguir vantagens e mais poder.

Em 325 Constantino levou os mais influentes bispos cristãos a se reunirem no Concílio de Nicéia, para colocar "ordem na casa de Deus". Ali, surgiu o cânone do Cristianismo – a lista oficial de livros que segundo a Igreja de Roma, realmente haviam sido inspirados por Deus.

Agora com a Bíblia em mãos, cheios de cobiça e uma busca incessante pelo poder, outros homens, reis e imperadores, passaram a usá-la de forma inescrupulosa. Em nome de "Deus" e da bíblia, muitos foram julgados, açoitados, cabeças eram decapitadas… A religião oficial era implacável.

Mas uma ruptura era necessária, alguém precisava se levantar, era necessário protestar! Séculos se passaram e, em 1517, na Alemanha, um monge agostiniano levantou-se contra os diversos dogmas do Catolicismo Romano, contestando, denunciando e escancarando a podridão da igreja. Então, 95 teses foram escritas, e afixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg (Alemanha). As "Cinco solas", cravaram uma cruz no peito do sistema religioso da época, a ruptura estava feita! Como consequência, homens e mulheres passaram a ter acesso às escrituras. Uma nova ordem surgia dentro da Igreja, agora não mais sob a tutela da Igreja de Roma. E esse movimento ficou conhecido como: a Reforma Protestante.

Alguns anos após o protesto ocorrido na Alemanha em 1517, novos sistemas religiosos foram erguidos e foi assim que surgiu um movimento muito importante do século XVIII, o movimento evangélico. Outros relatos históricos dão conta que esse movimento, também se refere ao grupo que sucedeu o fundamentalismo nos Estados Unidos ainda nas primeiras décadas do século XX, os autodenominados "evangelicals", um segmento do protestantismo milenarista, predominantemente, branco, do sul norte-americano, alicerçado no conceito do “novo nascimento”.

Volto ao primeiro parágrafo. Depois de quase 2000 mil anos da vinda de Cristo, o que vimos foi a criação e o surgimento de novos movimentos que se infiltraram na igreja. Movimentos que, talvez em sua origem, possuíam uma visão correta, mas que ao longo dos tempos, foram se corrompendo. Atualmente tanto evangélicos quanto protestantes estão desempenhando um papel parecido. Esses dois movimentos acreditam em Deus e têm na bíblia, uma espécie de bússola, que norteia suas vidas, mas na prática, não é bem assim.

De acordo com Mackay (1941), o indivíduo pode crer em toda a Bíblia e, infelizmente, não descobrir a verdade fundamental nela contida. Jesus é a chave de interpretação da bíblia, é nele que todas as nossas atitudes devem ser pautadas, mas o fanatismo e a falta de discernimento desses dois grupos, vem promovendo profundas distorções nos ensinamentos de Cristo. A falta de amor e respeito, são as marcas de muitos evangélicos/protestantes, que frequentam nossos templos.

Em nome de suas ideologias, esses dois movimentos estão estabelecendo uma "nova ordem" na igreja. Uma ordem capaz de ser tão cruel quanto a igreja medieval. Pois em nome de Deus, esse grupo julga, apedreja e matam pessoas diariamente em seus discursos de ódio.

O joio germina antes do trigo. Assim, quando é feita a semeadura do trigo, ele já está presente. Na agricultura é conhecido como erva daninha e por ter estrutura parecida com a do trigo, pode confundir um agricultor menos experiente.

Assim como na agricultura, o joio está presente em nossos templos, está camuflado de movimento religioso, eles são capazes de enganar até mesmo o mais experiente seguidor de Cristo.

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