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"CHÃO DE EXÍLIO"

Paraense lança livro sobre perseguição na ditadura militar

Avessa ao estilo confessional, a escritora Wanda Monteiro lança seu primeiro livro solo em prosa e faz da literatura a condição para abrir sua caixa de memórias

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Imagem ilustrativa da notícia Paraense lança livro sobre perseguição na ditadura militar camera “Chão de exílio” recorre à prosa para denunciar a perseguição sofrida por sua família durante a ditadura militar. | Divulgação

Com quatro livros publicados do gênero poesia, Wanda Monteiro agora recorre à prosa para denunciar a perseguição sofrida por sua família durante a ditadura militar. “Chão de exílio” (Amo! Editora, 2022) é o primeiro volume de uma trilogia em homenagem ao pai da autora, Benedicto Monteiro, um dos maiores intelectuais nascidos e atuantes no Pará no século XX. O livro, que reúne contos e testemunhos poéticos, terá sessão de autógrafos na quarta-feira, 16 de março, às 20 horas, no Núcleo Ná Figueredo (Av. Gentil Bittencourt, 449 - Nazaré).

Na década de 1970, Wanda Monteiro enfrentou um período de isolamento social decorrente da perseguição política sofrida por seu pai. O escritor, jornalista e advogado Benedicto Monteiro (1924-2008), nascido em Alenquer, no Baixo Amazonas, foi acusado de subversão à ordem, por atuar em defesa da reforma agrária no Pará. Ele fugiu para o alto do Curuá, na microrregião de Santarém, mas negociou sua captura e foi preso na capital. Depois de solto, para proteger sua família, Benedicto viveu no exílio autoimposto em Belém, afastando os filhos do convívio social.

Foi nesse contexto, aos sete anos de idade, recém-alfabetizada e à margem do mundo, que Wanda Monteiro descobriu e abraçou a literatura. Na casa onde se isolou com a família, não havia televisão, mas havia livros. Assim, o “Chão de exílio” a que se refere o título do livro pode ser tanto o chão do quintal da casa de sua infância, como o chão metafísico que a apoiou naquele momento, alicerçado na literatura, nas histórias contadas pelo pai e em todo tipo de ferramenta de proteção acessada pela palavra.

“Chão de exílio” apresenta uma narrativa híbrida, que se desenvolve em prosa poética a partir da memória ora revisitada, ora reinventada. No geral, são histórias reais, mas trazidas à luz com o rigor da literatura, a fim de evitar o estilo meramente confessional. Wanda recorre a alegorias e testemunhos poéticos, renomeando personagens e localizações geográficas. São 12 textos inéditos, incluindo uma “Carta ao pai”, em que a autora esclarece: “Escolho outra espécie de exílio: viver o afeto de meus filhos, a escrita de meus livros. Viver o que me há por dentro, viver e me conectar com as invisibilidades que pulsam na natureza ao alcance de meus sentidos e percepções. (…) No agora, com o agora e sobre o agora, eu quebrei a bússola. O norte sou eu.”

Em resenha para a revista Caliban, a poeta Giselle Ribeiro contextualiza o “Chão de exílio” de Wanda Monteiro da seguinte maneira: “Com esse “livro dos aprenderes”, a autora vai, pouco a pouco, nos ensinando os segredos do exílio que a pandemia do tempo presente nos impõe conhecer. Essa roupa do passado vivido por pai e filha nos anos de ditadura, hoje nos veste tão bem, por isso é tão necessária sua publicação.”

Sobre Wanda Monteiro:Natural de Alenquer (PA), Wanda Monteiro é escritora, poeta e advogada. Filha do escritor Benedicto Monteiro, cultiva o hábito pela leitura e pelo exercício da escrita desde a infância. Seus textos foram publicados dezenas de antologias e revistas literárias, entre as quais Mallamargens, Gueto e Acrobata. É autora das obras: "O beijo da chuva" (Ed. Amazônia, 2008); "Anverso" (Ed. Amazônia, 2011); "Duas mulheres entardecendo" (Ed. Tempo, 2015), com Maria Helena Latinni; "A liturgia do tempo e outros silêncios" (Ed. Patuá, 2019); e "Aquatempo - Aquatiempo" (Ed. Patuá, 2020), com edição bilíngue em português e espanhol.

Serviço:

Lançamento e sessão de autógrafos do livro "Chão de exílio", de Wanda Monteiro.

Data: Quarta-feira, 16 de março de 2022.

Horário: 20 horas.

Local: Núcleo Ná Figueredo (Av. Gentil Bittencourt, 449 - Nazaré).

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