Conhecido como o estrategista da edição 2018 do “Big Brother Brasil”, o paraense Diego Sabádo, tem retomado ao longo dos últimos dois anos uma vida bem longe da TV e cada vez mais próxima do teatro. Desde novembro, ele está em cartaz com o espetáculo “O Garoto”, adaptação assinada e estrelada por ele do filme homônimo de Charles Chaplin. As últimas sessões ocorrem nos próximos sábados, dias 12 e 19, no Teatro Bosque Grão Pará.
Em entrevista ao Você, ele conta que desde dezembro do ano passado estava pensando em fazer um espetáculo com o sobrinho, Eduardo Hage, de 9 anos, que havia começado a estudar teatro. “Um dia, a gente assistindo ao filme ‘O Garoto’, rimos bastante juntos e surgiu a ideia. Sem fazer muita coisa na quarentena, decidi roteirizar para o teatro”.
O fato do filme completar 100 anos de seu lançamento em 2021 também foi um forte incentivo. “Em julho, eu concluí o roteiro, reduzi o número de personagens, de locais onde as cenas se passam, conseguimos deixar bem enxuto. Nas conversas com o Gê Souza, nosso diretor, surgiu a ideia de ir tornando mais regional, levando a história para a Belém da Belle Époque”, explica. O filme se passa nos Estados Unidos da década de 1920.
Já com o cenário de pandemia instalado e todo mundo vivendo um verdadeiro “BBB” no quesito confinamento, Diego escolheu aliados conhecidos. “Pela dificuldade de ensaio, na procura por atores, decidi fazer tudo com a minha família”. O primo dele, o músico Adso Sabádo, foi convocado para, estudar as músicas do filme. “Ele toca a trilha ao vivo, como no filme original, em que o rolo de filme chegava com a partitura no cinema, sempre tendo um musicista para tocar no piano enquanto o filme passava”.
A tia, Nazaré Sabádo topou ser a mãe d’O Garoto. Os dois filhos dela, Victor e Vinicius Sabádo, se alternam em papéis de médico e policial. “Assim, a gente começou a ensaiar em casa, no finalzinho de agosto. Até que em novembro passamos a ensaiar na Escola de Teatro do Gê Souza, com ele fazendo a direção, orientando a interpretação, principalmente com eles [familiares] que não são atores”, conta.
Diego conta que fez muito teatro na adolescência, mas, depois, quando passou a se dedicar à sua formação e especialização em filosofia e psicologia, acabou somando mais de 10 anos longe dos palcos. “Foi muito legal voltar com a minha família. São só 50 lugares no teatro, e está sempre minha mãe, a mãe do Adso, a outra filha da tia Naza, às vezes meu avô vai. Eles ficam por ali depois, ajudam a desmontar, a gente conversa, come junto, está sendo um momento legal de confraternização depois de meses de pandemia”.
No âmbito artístico, ele diz que o desafio foi interpretar os trejeitos de Chaplin, passar os subtextos e mensagens da história sem dizer uma fala - afinal é um dos clássicos do cinema mudo. “É trabalhoso, mas muito legal. Tem momentos que estou na casa do Vagabundo (personagem de Chaplin), depois a luz apaga e acende em outra parte do palco, e fico observando, é divertido ver como eles [familiares] estão se divertindo”.
A imagem de vilão do “BBB”, com direito a arqui-inimiga (quem não lembra de Gleici usando a fala da personagem Clara, de “O Outro Lado do Paraíso”, ao encarar Diego na volta de um paredão falso?), também ficou no reality. Hoje, Diego se dedica à formalização e ampliação de sua ONG, o Instituto Lumiee de Artes, Educação, Esporte, Saúde e Ideias. Por meio dela, apoia projetos de diferentes áreas, gerando conexão entre as pessoas, financiamentos coletivos e outras estratégias do bem. O próprio espetáculo “O Garoto”, realizado em parceria com a escola Atores em Cena, terá todo o lucro revertido para os projetos sociais da ONG, especialmente aqueles em parceria com a Partilhar, que apoia famílias em situação de vulnerabilidade social.
PRIORIDADES
Mesmo afastado do palco, com uma vida bastante corrida como professor de filosofia na Universidade Estadual do Pará (Uepa), Diego conta que nunca parou de escrever. “Essa é a volta para o palco, mas estamos ensaiando também a adaptação do Hamlet que fiz um livro, lançado em 2013 e adaptado direto do inglês. O escritor vai estar sempre em primeiro lugar, é o que eu gosto de fazer. Estou no palco pelo hobby”, afirma.
Durante a pandemia, em setembro, ele lançou o livro “4 Textos para Teatro”, material que tinha engavetado há bastante tempo. E já se prepara para lançar no próximo mês o infantil “O Chulé de Abacate e Outras Fábulas do Menino Eduardo e Seu Amigo Piolho”, claramente homenagem ao seu novo parceiro de teatro. “A gente tinha essa brincadeira de um piolho que vivia aventuras. Uma aluna minha fez as ilustrações e deve sair no aniversário dele, dia 28 de dezembro. São aventuras desse piolho de estimação ajudando animais na floresta”.
Depois de viver ele mesmo tantas coisas e projetos, Diego reafirma que a escrita é o que permanece. “É isso que eu quero seguir pra mim. Sempre optei pela escrita, amo ser professor, mas sempre digo que a minha profissão é escritor”, finaliza.
NO PALCO
Espetáculo “O Garoto”
Direção: Gê Souza e Ramon Dekken
Quando: Dias 12 e 19, sempre às 19h.
Onde: Teatro do Shopping Bosque Grão Pará (Av. Centenário)
Quanto: R$ 30 (meia a R$ 15)
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