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Cia teatral dirigida por paraense é despejada de sede em São Paulo

Há oito anos atuando na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, a companhia teatral Pessoal do Faroeste foi despejada de sua sede na tarde de ontem. O grupo dirigido pelo paraense Paulo Faria deve ao proprietário do sobrado na rua do Triunfo cerca

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Imagem ilustrativa da notícia Cia teatral dirigida por paraense é despejada de sede em São Paulo camera Além do importante trabalho artístico-cultural, Paulo Faria e a Cia do Faroeste desenvolve um trabalho social na região da Cracolândia, o que foi intensificado na pandemia. | Reprodução/Luca Moela

Há oito anos atuando na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, a companhia teatral Pessoal do Faroeste foi despejada de sua sede na tarde de ontem. O grupo dirigido pelo paraense Paulo Faria deve ao proprietário do sobrado na rua do Triunfo cerca de R$ 200 mil, referentes a aproximadamente um ano e meio de aluguéis não-pagos.

Paulo Faria afirma que oficiais de justiça chegaram ao local às 13h30, pouco antes de ele iniciar a distribuição de cestas básicas que comanda ali desde o começo da pandemia a cerca de mil famílias do entorno. Segundo o diretor, o processo de despejo iniciado agora se estenderá pelos próximos dez dias, por causa da quantidade de peças de acervo que eles armazenam no prédio. O imóvel é, aliás, um de dois mantidos pelo grupo – o outro, de esquina e interligado ao primeiro, é onde funciona o Instituto Luz do Faroeste, criado pela companhia para desenvolver ações sociais. Faria diz que é para lá que eles estão deslocando uma parte desse acervo.

O aviso de despejo foi recebido em meados de agosto. Faria afirma que ele e seus colegas na companhia acreditavam estar protegidos desde o último dia 20, quando a Câmara dos Deputados derrubou o veto ao artigo que proibia despejos de inquilinos durante a pandemia. No entanto, essa suspensão inclui ações ajuizadas a partir do dia 20 de março, quando foi declarado no país estado de calamidade pública por causa do coronavírus. Segundo ele, a ação de despejo contra a companhia foi ajuizada em 8 de março.

O diretor afirma que a única ação capaz de impedir o despejo agora é uma intervenção direta da prefeitura. Um protesto pedindo a manutenção do espaço pelo grupo está programada para hoje, ao meio-dia.

A preocupação de Paulo Faria é que a saída da companhia do espaço prejudique uma série de iniciativas sociais que atuam ali, caso da Ocupação Cultural Jeholu, que debate o racismo, e o balcão de atendimento de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB. “Teatro eu faço na rua”, diz. “Mas esses endereços funcionam aqui”, ressalta.

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A própria companhia é bastante atuante na região da Luz. Muito antes da distribuição de cestas básicas -que Faria diz que pretende manter, apesar do despejo –, seus membros já ministravam oficinas de arte para a comunidade local, em especial com os usuários de crack.

Esta é a segunda vez que a Pessoal do Faroeste sofre uma ação de despejo. Na primeira, no início do ano passado, a companhia conseguiu um acordo com o proprietário e usou recursos do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para pagar uma fração dos aluguéis atrasados.

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