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RECONHECIMENTO

'Ainda Estou Aqui', leva prêmio de melhor roteiro em Veneza

Após décadas sem receber prêmios no Festival de Veneza, o Brasil conseguiu um feito e tanto nesta 81ª edição do evento. O longa "Ainda Estou Aqui", do cineasta carioca Walter Salles

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Imagem ilustrativa da notícia 'Ainda Estou Aqui', leva prêmio de melhor roteiro em Veneza camera O longa "Ainda Estou Aqui", do cineasta carioca Walter Salles, ganhou o prêmio de melhor roteiro | Divulgação

Um dos maiores cineastas vivos, o espanhol Pedro Almodóvar já ganhou diversos prêmios, mas jamais o principal de um grande festival. Pois o Festival de Veneza se encarregou de acabar com o tabu, conferindo a ele o Leão de Ouro por "The Room Next Door", em premiação ocorrida na noite deste sábado, 7.

Em seu primeiro longa em língua inglesa, o diretor conta com Julianne Moore e Tilda Swinton no papel de duas amigas, em uma trama que defende o direito à eutanásia. Swinton interpreta uma mulher com câncer que pede ajuda à personagem de Moore para ajudá-la em seus últimos dias, antes de ela tomar uma pílula com a qual acabará com sua vida. Trata-se de um thriller, com as cores características do diretor, mas trazendo também uma grande crítica aos excessos capitalistas no mundo atual, em que a ultradireita surge cada vez mais forte.

Após décadas sem receber prêmios no Festival de Veneza, o Brasil conseguiu um feito e tanto nesta 81ª edição do evento. O longa "Ainda Estou Aqui", do cineasta carioca Walter Salles, ganhou o prêmio de melhor roteiro, entregue a Murilo Hauser e Heitor Lorega.

O filme se baseia no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, em que o escritor narra suas memórias sobre a época em que seu pai, o ex-deputado federal Rubens Paiva, foi levado a força para prestar depoimentos, durante a ditadura militar, e nunca voltou para casa. O foco é na figura de sua mãe, Eunice, vivida por Fernanda Torres, e sua luta para cuidar sozinha dos cinco filhos e para exigir do governo federal o reconhecimento de que o marido foi torturado e morto pelo regime.

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"Dedico a Eunice e aos Paiva por nos deixarem entrar em sua história", disse Hauser, ao receber o prêmio.

"Dedico [o prêmio] à grande Fernanda Torres", completou Lorega. "Viva o cinema brasileiro!"

O filme era um dos favoritos a prêmios e recebeu críticas bastante positivas, além de muitos elogios no boca a boca, entre o público que assistiu às sessões. Essa bem-sucedida passagem pelo evento italiano amplia as chances de "Ainda Estou Aqui" conseguir vagas na disputa pelo Oscar do ano que vem – o filme é um dos 12 finalistas no rol de onde a Academia Brasileira de Cinema deverá escolher um longa para representar o Brasil na categoria de melhor filme internacional.

O segundo prêmio mais importante, o Grande Prêmio do Júri, foi para "The Brutalist", do americano Brady Corbet, que faz um mergulho na formação dos Estados Unidos a partir da história de um arquiteto húngaro, que sobrevive a um campo de concentração na Europa e encontra a possibilidade de seguir sua vida em um novo país. Fictício, o personagem funciona como uma espécie de síntese do imigrante que fez a nação americana prosperar no século 20.

O prêmio de melhor direção foi a surpresa da noite: a italiana Maura Delpero foi laureada por "Vermiglio", que acompanha a rotina de moradores de um vilarejo no norte da Itália, nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial.

"April", dirigido pela georgiana Dea Kulumbegashvili, ganhou o Prêmio Especial do Júri. O longa fala sobre uma médica que realiza partos, mas que, clandestinamente, também ajuda mulheres a abortarem quando se veem diante de uma gravidez indesejada. O longa tem uma estética por vezes agressiva, crua, incluindo cenas reais de parto normal.

Nicole Kidman foi escolhida a melhor atriz por "Babygirl", um dos papeis mais ousados da carreira da atriz. Em cena, ela interpreta uma mulher bem-sucedida profissionalmente que se envolve com um estagiário da empresa que ela própria dirige. Infeliz em termos sexuais em seu casamento, ela aproveita para viver com seu amante na cama diversas fantasias eróticas que ela nunca teve coragem de revelar ao seu marido.

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O prêmio de melhor ator foi para o francês Vincent Lindon, por "Jouer Avec le Feu". No longa ele interpreta o pai de um jogador de futebol que se deixa influenciar por amigos neonazistas, passando a integrar um grupo supremacista branco violento. Ele tenta fazer o rapaz mudar de ideia, mas o jovem parece ter passado por um processo irreversível de lavagem cerebral.

E o prêmio Marcello Mastroianni, dedicado a atores em início de carreira, foi para um filme de temática semelhante. Em "Leurs Enfants Après Eux", o francês Paul Kircher dá vida a um adolescente que está no centro de um conflito entre jovens brancos e rapazes de origem árabe, em uma pequena cidade da França.

Confira os vencedores:

  • LEÃO DE OURO (MELHOR FILME)
  • "The Room Next Door", de Pedro Almodóvar

DIREÇÃO

  • Maura Delpero, por "Vermiglio"
  • GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
  • "The Brutalist", de Brady Corbet

PRÊMIO DO JÚRI

  • "April", de Dea Kulumbegashvili

ATRIZ

  • Nicole Kidman, por "Babygirl"

ATOR

  • Vincent Lindon, por "Jouer Avec le Feu"

ROTEIRO

  • Murilo Hauser e Heitor Lorega, por "Ainda Estou Aqui"
  • MARCELLO MASTROIANNI (ATORES INICIANTES)
  • Paul Kircher, por "Leurs Enfants Après Eux"
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