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CRIANÇAS EM RISCO

Pesquisa: Pobreza infantil impacta na saúde mental

Déficit de atenção e problemas para ingressar no mercado de trabalho são alguns dos impactos

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Imagem ilustrativa da notícia Pesquisa: Pobreza infantil impacta na saúde mental camera Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência (INPD) | Agência Brasil/Arquivo

Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência (INPD) concluiu que a pobreza na infância pode resultar em diversos transtornos mentais na fase adulta do indivíduo. Os problemas vão desde o déficit de atenção, hiperatividade e chegam as dificuldades de desenvolvimento social com impactos negativos no mercado de trabalho. Entre as mulheres os impactos negativos são ainda maiores. O estudo foi publicado este mês, pela científica European Child & Adolescent Psychiatry.

Os trabalhos foram realizados com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os pesquisadores acompanharam, durante sete anos, 1.590 alunos de escolas públicas de Porto Alegre (RS) e de São Paulo (SP). Eles concluíram que a pobreza multidimensional e a exposição a situações estressantes, entre elas mortes e conflitos familiares, são fatores de risco evitáveis que precisam ser enfrentados na infância para reduzir o impacto de transtornos mentais na fase adulta.

O nível educacional dos pais, as condições de moradia e infraestrutura das famílias, acesso a serviços básicos, foram alguns dos fatores considerados pelos pesquisadores. Para analisar as carências das famílias, os cientistas aplicaram questionários socioeconômicos. No total, 11,4% da amostra estava enquadrada em níveis de pobreza.

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“Parece senso comum dizer que a pobreza pode ter impacto futuro no desenvolvimento de problemas de saúde mental. Porém ainda não havia no Brasil uma pesquisa que permitisse analisar o desenvolvimento da criança até o começo da vida adulta baseado em avaliações psiquiátricas feitas em mais de um momento. Da forma como realizamos o trabalho, foi possível observar a tendência tanto na adolescência como no início da idade adulta”, explicou Carolina Ziebold, do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e primeira autora do artigo.

O estudo levou em consideração distúrbios externalizantes e também os internalizantes, como depressão e ansiedade. No entanto, no caso desses últimos não houve registro significativo no resultado geral.

“Essa avaliação psiquiátrica em três momentos permitiu obter um resultado consistente. Isso porque houve variação ao longo do tempo. Crianças de famílias pobres chegaram a ter níveis de transtornos externalizantes menores do que as de não pobres no início do acompanhamento. Mas, depois de alguns anos, a curva se inverteu, com um crescimento constante dos distúrbios entre crianças de famílias pobres. A probabilidade de apresentar problemas entre elas foi de 63%, enquanto entre as de não pobres diminuiu no período”, afirma Ziebold.

Pandemia

Ziebold destaca que, como os transtornos externalizantes podem ter impactos de longo prazo na saúde e nos resultados sociais durante a vida adulta, as descobertas do estudo reforçam a importância das intervenções antipobreza logo no início da vida.

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“Quando falamos que é preciso reduzir a pobreza para diminuir as chances de transtorno mental, estamos pensando na questão de uma forma multidimensional. Não é uma solução rápida. Ações imediatas, como conceder bolsa e auxílio para que as famílias tenham renda, são importantes, mas também é necessário pensar em medidas mais amplas, que envolvam a promoção de habilidades socioemocionais, a redução do estresse, o acesso a serviços de educação e saúde, incluindo a mental”.

A pesquisadora lembra que a pandemia de COVID-19 acabou aumentando o percentual de pessoas vivendo na pobreza a níveis alarmantes.

Relatório divulgado pelo Unicef, órgão das Organizações Unidas (ONU) para questões da infância, estimou que 100 milhões de crianças a mais estejam vivendo em pobreza multidimensional no mundo, um aumento de 10% desde 2019.

Segundo o documento, em outubro de 2020, 93% dos países chegaram a interromper ou suspender serviços essenciais de atendimento a transtornos mentais, problemas que afetam mais de 13% das meninas e meninos de 10 a 19 anos em todo o mundo.

O relatório projetou que, mesmo com os melhores cenários, serão necessários de sete a oito anos para recuperar e retornar aos níveis da pobreza infantil de antes da pandemia.

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Mulheres

Quando considerada as questões de gênero. A probeza infantil é mais prejudicial entre as mulheres. Os impactos são mais negativos para elas, segundo o estudo. “Esse resultado chamou muito a atenção e deve ser um dos mais relevantes. Geralmente os transtornos externalizantes são mais comuns em homens. Nossa hipótese é que as meninas pobres têm menos chance de diagnóstico precoce de problemas, seja na família ou na escola. Além disso, elas assumem mais tarefas desde cedo em casa, como cuidar de irmãos mais novos e de pessoas doentes. Essa sobrecarga expõe a mais eventos estressantes, que aumentam as chances de apresentar problemas mentais quando adultas”, diz Carolina Ziebold,.

Os transtornos externalizantes também foram particularmente prejudiciais para as mulheres nos resultados educacionais, principalmente em relação ao atraso escolar, conforme indica outro trabalho do grupo, recém-publicado na revista Epidemiology and Psychiatric Sciences.

Essa pesquisa concluiu que pelo menos dez a cada cem meninas que estavam fora da série escolar adequada para sua idade poderiam ter acompanhado a turma se transtornos mentais, principalmente os externalizantes, fossem prevenidos ou tratados. No caso da repetência, cinco em cada cem alunas não teriam reprovado.

No Brasil, a chance de um filho repetir a baixa escolaridade dos pais é o dobro da probabilidade de que isso ocorra nos Estados Unidos, por exemplo, e bem acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de 38 países ricos e emergentes.

Quase seis a cada dez brasileiros (58,3%) cujos pais não tinham o ensino médio completo também pararam de estudar antes de concluir essa etapa. Entre os americanos, o percentual cai para 29,2% e na OCDE fica em 33,4%.

Mercado de trabalho

Por outro lado, no mercado de trabalho, as chances de os filhos alcançarem o estrato de ocupações mais sofisticadas e com melhores rendimentos aumentam à medida que os pais são mais escolarizados.

Filhos cujos pais têm nível superior apresentam 3,3 vezes mais possibilidade de estar no estrato mais sofisticado do mercado se comparados à média da população e quase nove vezes mais chances do que os filhos de pais sem instrução.

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