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ATAQUES

Grupo pró-garimpo rouba associação de mulheres indígenas

O MPF pediu reforço urgente na segurança. Associação já havia tido prédio vandalizado

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Imagem ilustrativa da notícia Grupo
pró-garimpo rouba associação de mulheres indígenas camera Associação já havia sido alvo de ataques | Reprodução

O Ministério Público Federal (MPF) requisitou nesta terça-feira (20) à Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) e à Polícia Militar que providenciem reforço policial urgente em Jacareacanga, no sudoeste do Pará. O pedido foi feito após grupo favorável à mineração em terras indígenas ter novamente atacado mulheres de associação indígena contrária ao crime.

O novo ataque ocorreu no domingo, no porto do município. Garimpeiros e representantes de uma minoria indígena aliciada por garimpeiros roubaram mais de 830 litros de combustível e um motor de barco pertencentes à Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn. No final de março, a sede da associação tinha sido destruída por representantes do mesmo grupo pró-garimpo.

Um dos líderes da minoria Munduruku favorável ao garimpo, Josias Manhuary, filmou o roubo e postou nas redes sociais. Segundo informações registradas pelo advogado da Associação Wakoborũn, Marco Apolo Santana Leão, no boletim de ocorrência, Josias também tem mandado áudios de ameaças contra outras lideranças contrárias ao garimpo.

No ofício à Segup e à Polícia Miliar, o MPF alerta que nesta Semana dos Povos Indígenas os representantes da maioria Munduruku contrária à mineração ilegal pretendem realizar assembleia extraordinária, e devem voltar nesta quarta-feira à zona urbana de Jacareacanga, para buscar insumos e combustível, e por isso estão vulneráveis a novos ataques.

ATAQUES EM SÉRIE

“Segundo informações já apuradas, tal ataque integra uma série de articulações planejadas pelos invasores da terra indígena, e que seguem em curso, como tentativa de gerar o silenciamento sobre as ilicitudes presenciadas no território, eis que as lideranças já haviam sido avisadas acerca de represálias, se acaso continuassem a combater invasão e exploração da área indígena”, registra o MPF no ofício.

“Permanece em vigor, portanto, um estado de completa insegurança local para os indígenas que não anuem com práticas reconhecidamente ilícitas, os quais têm sofrido forte repressão por parte de grupos organizados de infratores, que se sentem à vontade para incorrer em crimes, sobretudo para promover atos de violência contra membros da etnia Munduruku”, complementa o texto.

No ataque de março, à sede da associação, o grupo pró-garimpo depredou o prédio da Associação Wakoborũn, de uso coletivo com outras organizações indígenas antigarimpo. Foram destruídos documentos, móveis e equipamentos, além de produtos indígenas à venda no local.

O povo Munduruku vem relatando aumento da invasão garimpeira às suas terras desde o início da década passada, quando foram anunciados vários projetos hidrelétricos na região onde vivem.

Segundo nota técnica publicada esta semana pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, os Munduruku vêm denunciando ao poder público as invasões às suas terras desde 1987.

Nos últimos três anos o problema vem se intensificando, e em março foi identificada a chegada de maquinário pesado, grupo armado e helicóptero suspeito de escoltar os criminosos, que estão avançando em direção a bacias hidrográficas fundamentais para a garantia da vida indígena.

Apesar de o MPF já ter cobrado providências das autoridades inclusive por meio de ações judiciais, até agora não há combate contínuo à mineração ilegal no território Munduruku, e a tensão na área só cresce.

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