
A crescente interação entre seres humanos e inteligências artificiais (IA) tem aberto novas possibilidades — inclusive no campo da sexualidade. Com ferramentas cada vez mais sofisticadas, há quem recorra à IA para satisfazer desejos íntimos e fantasias sexuais. Mas essa prática levanta uma dúvida delicada: transar ou flertar com uma IA é traição?
Especialistas afirmam que sim. Para a sexóloga e psiquiatra Carmita Abdo, tudo depende do contrato emocional estabelecido entre o casal. “A traição pode estar presente em muitos atos que não envolvem contato físico. Interagir sexualmente com a IA pode, sim, ser considerado traição, especialmente quando feito às escondidas”, explica.
A especialista afirma que o fator determinante é a falta de transparência. Quando há segredo, há quebra de confiança. Em relacionamentos onde ambos concordam com esse tipo de interação, o ato pode não ser considerado traição, mas não elimina o risco de desrespeito emocional. “O parceiro pode se sentir inseguro ou abandonado, principalmente se percebe que não está sendo considerado como parte ativa da vida sexual da outra pessoa”, aponta Abdo.
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A psicóloga Rejane Sbrisse compartilha da mesma visão. Ela reconhece que o comportamento não configura uma patologia, mas alerta para possíveis consequências emocionais: ansiedade, baixa autoestima e até depressão. “Um relacionamento é sustentado por confiança, respeito e diálogo. Simular uma relação, mesmo com uma IA, pode abalar esses pilares tanto quanto uma traição tradicional”, destaca.
E se meu parceiro se relacionou com uma IA?
Segundo Sbrisse, a melhor saída é o diálogo. Conversas honestas sobre limites, desejos e expectativas sexuais são fundamentais para reconstruir a confiança. Se o desconforto persistir, a terapia de casal ou o acompanhamento psicológico individual pode ajudar a restaurar o equilíbrio emocional e o respeito mútuo.
Em um mundo cada vez mais conectado, os relacionamentos exigem novas conversas — e, talvez, novas definições de fidelidade.
Fonte: Metrópoles
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