
Uma pesquisa publicada em maio no periódico Blood, da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), indicou que pessoas que doam sangue com frequência podem apresentar mutações genéticas que oferecem proteção contra certos tipos de câncer. O estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto Francis Crick, no Reino Unido.
Entenda o que é a hematopoiese clonal
O foco da pesquisa foi a análise da hematopoiese clonal — fenômeno em que células sanguíneas passam a se replicar de forma idêntica, com possíveis riscos de evolução para doenças como a leucemia. Apesar de não haver diferença na incidência do processo entre doadores frequentes e esporádicos, os tipos de mutações encontradas em cada grupo foram diferentes.
Como o corpo reage após a doação de sangue
A pesquisa também avaliou como as células sanguíneas dos dois grupos reagiam a duas substâncias importantes:
- Eritropoetina: Hormônio que estimula a produção de sangue após a doação.
- Interferon gama: Proteína que aumenta em situações de inflamação e está relacionada a riscos de câncer.
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Nos doadores frequentes, as células expostas à eritropoetina apresentaram mais mutações benignas em um gene específico, ao contrário dos doadores esporádicos, cujas células tendiam a desenvolver clones pré-malignos quando expostas ao interferon gama.
Especialistas pedem cautela com os resultados
A hematologista Ana Carolina Vieira Lima, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia, alerta que os resultados ainda são preliminares.
“Pode haver, de fato, algum benefício anticâncer, mas o estudo foi feito in vitro, ou seja, fora do organismo humano. Isso limita as conclusões que podemos tirar”, ressalta a médica.
Ela também lembra que a doação de sangue deve seguir critérios de segurança, com atenção a possíveis efeitos indesejados como anemia, hematomas ou lesões por punção.
Por que doar sangue não pode ser visto como prevenção de câncer
A especialista reforça que a doação de sangue não deve ser feita visando benefícios pessoais de saúde:
“Estimular doações em excesso, sem acompanhamento médico, pode ser perigoso tanto para o doador quanto para os receptores.”
Além disso, omitir informações na triagem para conseguir doar pode representar um risco para quem recebe o sangue.
Quem pode doar sangue? Veja os principais critérios:
✅ Estar em boas condições de saúde;
✅ Ter entre 16 e 69 anos (menores de 18 precisam de autorização);
✅ Pesar no mínimo 50 kg;
✅ Estar bem alimentado e descansado no dia da doação.
Situações que impedem temporariamente a doação:
- Sintomas de gripe, dengue ou outras infecções;
- Gravidez, pós-parto e amamentação;
- Procedimentos recentes (tatuagem, piercing, endoscopia, etc.);
- Vacinação recente ou viagem para áreas endêmicas.
Impedimentos definitivos incluem:
❌ Hepatite após os 11 anos de idade;
❌ HIV e outras doenças transmissíveis pelo sangue;
❌ Uso de drogas injetáveis ilícitas.
Qual o intervalo entre as doações?
- Homens: A cada 60 dias (máximo de 4 vezes ao ano);
- Mulheres: A cada 90 dias (máximo de 3 vezes ao ano).
🩸 Recomendações finais:
Especialistas reforçam que, apesar dos indícios positivos da pesquisa, doar sangue deve ser um ato solidário, sempre feito com responsabilidade e dentro das orientações médicas.
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