
A Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) prevê que as temperaturas médias globais permaneçam próximas ou até mesmo ultrapassem os recordes já registrados, nos próximos cinco anos, superando as marcas alcançadas em 2024, considerado o ano mais quente em 175 anos de medições.
A atualização climática para o período de 2025 a 2029, divulgada na última quarta-feira (28), alerta que essas temperaturas elevadas devem aumentar os riscos climáticos, com impactos expressivos sobre sociedades, economias e metas de desenvolvimento sustentável.
De acordo com o relatório da WMO, a média global anual próxima à superfície, entre 2025 e 2029, deve ser de 1,2°C a 1,9°C acima da média do período pré-industrial (1850-1900). Embora o limite de longo prazo previsto no Acordo de Paris — que considera médias em intervalos de 20 anos — ainda esteja abaixo de 1,5°C, há 80% de probabilidade de que ao menos um dos próximos cinco anos supere 2024, quando 11 meses consecutivos ficaram acima de 1,5°C.
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O relatório indica ainda que há 70% de chance de que a média dos próximos cinco anos ultrapasse 1,5°C, número que representa um aumento expressivo em relação aos relatórios anteriores: 47% a mais do que no documento de 2024 e 32% acima do de 2023. A probabilidade de ultrapassar os 2°C até 2029, no entanto, permanece baixa, em torno de 1%.
Impactos regionais
O aquecimento no Ártico deve continuar avançando de forma mais acelerada, sendo de três a cinco vezes maior do que a média global, podendo atingir 2,4°C acima das últimas três décadas (1991-2020).
Os padrões de precipitação também mostram variações regionais expressivas. As previsões apontam para condições mais úmidas no Sahel (África) e mais secas na Amazônia, além da continuidade das condições de umidade anormal no sul da Ásia.
Gilvan Sampaio, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destaca que se houver também aquecimento do Atlântico Norte, o sudoeste da Amazônia pode enfrentar secas severas. Ele explica que, quanto maior a temperatura superficial, maior a energia disponível para formar nuvens densas e profundas, resultando em chuvas intensas e volumosas. “O aumento gradativo da temperatura global significa que eventos extremos, como tempestades, secas e ondas de calor, se tornarão cada vez mais frequentes”, alerta.
Como foi feito o estudo
A elaboração das previsões contou com 220 membros de um conjunto de modelos climáticos, reunindo dados de 15 institutos e centros globais, sob coordenação do Met Office, que atua como centro climático da WMO.
Os dados atuais reforçam o que já havia sido mostrado no Relatório Síntese de 2023 do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC): entre 2011 e 2020, a média global foi 1,1°C mais quente que o período pré-industrial. Em março deste ano, a WMO confirmou 2024 como o ano mais quente já registrado, com média de 1,55°C acima do nível pré-industrial, reforçada principalmente pelo aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera — o maior nível em 800 mil anos.
A íntegra do relatório da WMO para 2025-2029 está disponível no site oficial da organização.
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