
Médicos do Shrewsbury and Telford Hospital, no Reino Unido, relataram um aumento preocupante nos casos de fasciíte necrosante, uma infecção bacteriana rara e grave que destrói tecidos do corpo humano. Três novos episódios foram documentados em mulheres com infecção na região genital, conforme artigo publicado em 8 de abril na revista BMJ Case Reports.
Os autores do estudo afirmam que o número de casos no hospital mais que dobrou recentemente: 20 registros entre 2022 e 2024, contra 18 ocorrências nos dez anos anteriores. O avanço da doença também tem sido notado em países da União Europeia e nos Estados Unidos.
Os casos relatados
Duas das pacientes procuraram atendimento médico com dor na vulva. A terceira apresentou o quadro infeccioso após uma cirurgia ginecológica. Uma delas morreu, mesmo após internação em UTI por 28 dias e cirurgia de emergência. Outras duas passaram por procedimentos cirúrgicos para retirada do tecido necrosado e sobreviveram.
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Segundo os médicos, o diagnóstico precoce é um desafio, especialmente quando os sintomas afetam a região íntima. Muitas vezes, os sinais iniciais são confundidos com abscessos ou infecções comuns.
O que é a fasciíte necrosante?
A infecção pode ser causada por diferentes bactérias, como E. coli, Klebsiella, Staphylococcus e Streptococcus do grupo A. Quando atinge a região genital ou perineal, também é conhecida como Síndrome de Fournier.
Trata-se de uma condição altamente agressiva que pode evoluir para risco de morte em até 48 horas. As bactérias liberam toxinas que destroem rapidamente músculos, nervos e vasos sanguíneos. A falta de irrigação sanguínea nos tecidos infectados pode dificultar o tratamento com antibióticos.
“É uma infecção extremamente agressiva. As bactérias liberam toxinas potentes que podem levar à destruição rápida do tecido, liquefazendo músculos, nervos e vasos sanguíneos”, explicou Bill Sullivan, professor de microbiologia da Universidade de Indiana, ao site Live Science.
Mesmo sendo rara — com taxa de 0,4 a 0,53 casos por 100 mil pessoas ao ano no Reino Unido —, a letalidade pode chegar a 50%.
Grupos de risco e causas
Pessoas com imunidade comprometida, como pacientes com diabetes, câncer, alcoolismo ou desnutrição, são mais suscetíveis. A infecção pode ter várias portas de entrada, como:
- Abscessos e fístulas;
- Lesões genitais por cirurgia ou procedimentos estéticos;
- Picadas de insetos;
- Má higiene íntima;
- Perfurações genitais;
- Relações sexuais com microlesões;
- Câncer retal.
Sintomas de alerta
- Dor intensa na região genital;
- Vermelhidão e inchaço;
- Febre e mal-estar;
- Forte odor no local da infecção;
- Lesão escurecida que se espalha;
- Queda de pressão e batimentos acelerados (choque séptico).
O tratamento exige internação imediata, remoção cirúrgica do tecido infectado e uso de antibióticos intravenosos. O prognóstico depende da rapidez no diagnóstico e início da intervenção médica.
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