
O papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, faleceu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos, após enfrentar uma série de complicações de saúde iniciadas com uma pneumonia dupla. O pontífice argentino foi o primeiro papa sul-americano e não europeu da história da Igreja Católica.
Mesmo debilitado, Francisco fez uma aparição pública no último domingo (20), durante a celebração do Domingo de Páscoa, na Praça São Pedro, no Vaticano, onde saudou fiéis e abençoou crianças a bordo do papamóvel. A última internação do papa ocorreu em fevereiro deste ano, no Hospital Gemelli, em Roma, para tratamento de bronquite. Ele já havia passado pelo mesmo hospital em 2023 com quadro semelhante.
Ascenção e legado
Eleito em março de 2013, aos 76 anos, Bergoglio se destacou por uma série de ineditismos: foi o primeiro papa jesuíta, o primeiro das Américas e o primeiro do Hemisfério Sul. Assumiu o trono de São Pedro após a renúncia histórica de Bento XVI, com quem compartilhou o Vaticano por quase uma década.
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Durante seu pontificado, Francisco buscou equilibrar posições conservadoras com um olhar voltado à justiça social. Tornou-se símbolo de simplicidade ao dispensar luxos do cargo e adotar uma postura mais acessível. Logo após sua eleição, recusou a limusine papal e retornou à residência com os demais cardeais em um ônibus comum. Inspirado por São Francisco de Assis, pregou uma “Igreja pobre para os pobres”.
Francisco também atuou como mediador em conflitos internacionais, promoveu aproximações com igrejas cristãs orientais e incentivou o diálogo entre religiões. Sua diplomacia foi marcante, com destaque para o papel na reaproximação entre Estados Unidos e Cuba, além de sua visita histórica a Belém, onde orou em silêncio junto ao muro que separa a cidade de Jerusalém.
Natural de Buenos Aires, Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936, primogênito de cinco filhos de imigrantes italianos. Trabalhou como químico, segurança de boate e varredor antes de ingressar na vida religiosa. Teve parte de um pulmão removido na juventude, o que agravou sua vulnerabilidade a infecções respiratórias.

A atuação de Bergoglio durante a ditadura militar argentina (1976–1983) gerou críticas e acusações de omissão, especialmente após o sequestro de dois padres jesuítas. Ele sempre negou envolvimento direto e afirmou ter agido nos bastidores para ajudar perseguidos pelo regime.
Os posicionamentos do papa Francisco
Como papa, Francisco manteve posições tradicionais em relação à eutanásia, aborto, pena de morte e ordenação de mulheres. Permitia que os padres abençoasse os casais compostos por pessoas de mesmo sexo, mas não era favorável à união. Também criticava o uso de contraceptivos, reiterando a visão da Igreja sobre a importância da vida desde a concepção.
Um dos maiores desafios de seu papado foi o combate aos escândalos de abuso sexual dentro da Igreja. Em 2018, o arcebispo Carlo Maria Viganò o acusou de acobertar crimes do ex-cardeal Theodore McCarrick. Francisco negou as acusações e enfrentou pressões tanto de críticos conservadores quanto de setores progressistas.
O papa chegou a redigir uma carta de renúncia, caso sua saúde o impedisse de exercer plenamente suas funções. Com sua morte, chega ao fim um pontificado que marcou profundamente a história recente da Igreja Católica, deixando um legado de diálogo, compaixão e compromisso com os mais vulneráveis.

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