
Uma condição congênita que atinge o sistema urinário e genital masculino, a hipospádia é caracterizada por uma abertura anormal da uretra — canal responsável pela eliminação da urina — em uma posição diferente da glande, que pode variar do deslocamento leve até casos mais graves. Quando não tratada adequadamente, pode causar micropênis, curvatura peniana e até infertilidade.
A correção da hipospádia é feita por cirurgia, geralmente realizada de forma ambulatorial, o que permite a alta hospitalar no mesmo dia. O procedimento visa reposicionar a abertura uretral na glande e corrigir curvaturas do pênis. Segundo o urologista Ubirajara Barroso Jr., chefe de cirurgia reconstrutiva da uretra da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a experiência do cirurgião é essencial para o sucesso da operação.
"Os hipospadiologistas são cirurgiões especializados na correção da hipospádia. Eles possuem uma abordagem específica que diminui riscos e aprimora os resultados", destaca o médico, que também atua em São Paulo.
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Entre as técnicas mais modernas, está o uso de enxerto de mucosa oral em formato de “U” invertido, criada pelo próprio Dr. Ubirajara e publicada no Journal of Pediatric Urology. A técnica utiliza tecido da parte interna da boca, dobrando a quantidade de enxerto disponível para a reconstrução uretral, o que melhora os resultados e reduz complicações.
Além disso, a oxigenoterapia hiperbárica vem sendo utilizada no pré e pós-operatório. O tratamento aumenta a oxigenação dos tecidos, melhora a aderência do enxerto e reduz riscos como fístulas e infecções.
"Em pacientes que já passaram por outras cirurgias, fazemos sessões de oxigenoterapia um mês antes e um mês depois da nova intervenção", explica o Dr. Barroso Jr.
Diagnóstico e tratamento precoce
De acordo com Dr. Barroso Jr., a hipospádia afeta entre 3 a 8 meninos a cada mil nascimentos. Quando um caso é identificado em uma família, existe uma chance de até 20% de outro membro também apresentar a condição.
O tratamento ideal é cirúrgico e deve ser feito ainda na infância, preferencialmente até um ano de idade. A antecipação evita impactos psicológicos e garante melhores resultados funcionais.
Apesar da recomendação pediátrica, homens adultos também podem ser operados, especialmente quando enfrentam dificuldades urinárias ou sexuais. Em casos severos, a abertura uretral pode estar próxima ao escroto, dificultando a fecundação.
Em mais de 90% dos casos, a correção pode ser feita em uma única cirurgia. Quando necessário, o procedimento é realizado em dois tempos, com intervalo mínimo de seis meses.
Complicações e cuidados
Entre as possíveis complicações estão a estenose uretral (estreitamento do canal urinário), fístulas, persistência da curvatura e deiscência da uretra (abertura dos pontos). O pós-operatório exige cuidados específicos, como a manutenção de sonda uretral por até 14 dias, conforme a complexidade da intervenção.
Com os avanços cirúrgicos e uso de tecnologias como a oxigenoterapia, as chances de sucesso na correção da hipospádia são cada vez maiores, tanto na infância quanto na vida adulta.
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